Um canadense acusado de vender pela internet "kits suicidas" que causaram mortes em vários países foi processado civilmente pela família de uma das vítimas, segundo documentos judiciais aos quais se teve acesso nesta sexta-feira (20).
Estima-se que seja o primeiro caso civil contra Kenneth Law, que foi preso em maio de 2023 e enfrenta 14 acusações de homicídio no Canadá.
Os pais de Jeshennia Bedoya Lopez, falecida em setembro de 2022, processaram Law e vários médicos em 2 milhões de dólares canadenses (cerca de R$ 8 milhões).
Law, um ex-chef de 59 anos, é acusado de ter gerenciado "uma loja online que vendia veneno e produtos químicos destinados a causar a morte", segundo a ação.
Sete médicos, que haviam tratado Bedoya Lopez por depressão dois anos antes de seu suicídio aos 18 anos, também foram acusados por não diagnosticarem corretamente seus problemas de saúde mental e por não fornecerem atendimento psiquiátrico adequado.
Segundo os documentos judiciais, Bedoya Lopez foi liberada do hospital mesmo apresentando "claros sinais e sintomas de distúrbios mentais e ideias suicidas".
A polícia do Canadá estima que Law tenha enviado cerca de 1.200 "kits suicidas" a pessoas em mais de 40 países entre 2020 e sua prisão no ano passado, especificamente para indivíduos vulneráveis na internet.
Os promotores alegam que os kits continham um aditivo alimentar que poderia causar morte se mal utilizado.
Law negou as acusações e seu julgamento está previsto para começar em 2025.
Alertados pela Interpol, vários países como Reino Unido e Itália iniciaram investigações.
No Reino Unido, pelo menos 272 pessoas compraram os produtos de Law, e 88 delas morreram, informou a polícia.
Nesta sexta-feira, um legista da Nova Zelândia ligou o caso de Law à morte de uma jovem de 25 anos que se suicidou em um hotel em Auckland em abril de 2022, após receber um produto de um negócio associado ao acusado.
* AFP