Uma manifestação de milhares de pessoas contra o estupro e assassinato de uma médica no início de agosto na Índia derivou, nesta quarta-feira (28), em uma briga generalizada entre grupos políticos rivais em Calcutá, no leste do país.
A descoberta em 9 de agosto do corpo da médica de 31 anos em um hospital público da cidade provocou uma onda de indignação no país, onde existe um problema crônico de violência contra as mulheres.
Durante uma manifestação realizada na terça-feira, milhares de pessoas marcharam em direção a um edifício governamental para exigir a renúncia de Mamata Banerjee, a chefe de governo do estado de Bengala Ocidental.
A polícia indiana tentou dispersar o movimento com gás lacrimogênio e canhões de jatos d'água. Contudo, os manifestantes acabaram entrando em confronto com os policiais, que atacaram a multidão com cassetetes.
Isso incitou os simpatizantes do partido nacionalista BJP, do primeiro-ministro indiano Narendra Modi e que está na oposição em Bengala Ocidental, a lançarem uma jornada de protesto nesta quarta em Calcutá, a capital estadual, onde foram registrados bloqueios de ruas e ferrovias.
Os apoiadores do BJP acusam o governo de Bengala Ocidental, comandado pelo partido rival AITMC, de criar um ambiente inseguro para as mulheres e responsabilizam a ministra-chefe Banerjee por crimes como o que foi cometido contra a médica.
Os militantes do AITMC, no entanto, saíram em defesa do governo local e a polícia registrou confrontos entre os grupos políticos rivais em diferentes bairros de Calcutá e nos subúrbios.
"Queremos justiça", gritavam os simpatizantes do BJP, antes de exigirem a renúncia de Mamata Banerjee, fundadora do AITMC. "Vão embora!", respondiam os apoiadores do partido rival.
- Calma precária -
Arjun Singh, ex-parlamentar do BJP, afirmou que seus correligionários foram atacados por militantes do AITMC. Segundo ele, duas pessoas ficaram feridas.
Os militantes do AITMC "bloquearam as vias para impedir os partidários do BJP de protestar", declarou Singh à AFP.
"Os serviços de trens foram afetados, pois os manifestantes se instalaram nas ferrovias", disse, por sua vez, à AFP Kusik Mitra, alto responsável ferroviário.
A polícia se interpôs entre os grupos políticos rivais, fazendo reinar uma calma precária antes de uma manifestação de médicos em homenagem à colega assassinada.
Banerjee, por sua vez, disse que deseja a aprovação de leis "antiestupro" para julgar e executar as pessoas culpadas de violência sexual "dentro de um período de sete dias após o crime".
Em média, cerca de 90 estupros foram registrados por dia em 2022 nesse país de 1,4 bilhão de habitantes.
* AFP