O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, demostrou, nesta quarta-feira (5), sua "enorme preocupação" com os homicídios no país, dias depois do assassinato de quatro pessoas, incluindo uma criança, que levantou o debate sobre o tema neste ano eleitoral.
"O que eu nunca fiz e não farei no restante do meu governo é inventar desculpas. Há uma enorme preocupação com relação aos homicídios. Vocês nunca escutaram este governo dizer que se tratava de um acerto de contas. São homicídios. Vidas são perdidas. E, nesse caso, além disso, a vida de uma criança", disse o líder de centro-direita, que concluirá seu mandato de cinco anos em março.
Na noite da última quinta-feira, quatro pessoas foram assassinadas a tiros em uma casa no Maracanã, bairro de Montevidéu, onde as autoridades suspeitam que drogas estavam sendo vendidas. Entre os mortos estavam um homem de 40 anos, dois jovens de 18 e 16 anos e um menino de 11 anos.
Em uma coletiva de imprensa nesta quarta, Lacalle Pou enfatizou que a polícia conta com "elementos importantes" para solucionar esse crime, que, segundo ele, "não é um incidente isolado", mas responde a um conflito de longa data entre algumas pessoas.
O presidente questionou se a morte de uma criança deveria ser usada como um "discurso de campanha", mas reconheceu que o país enfrenta um problema com as mortes violentas, apesar do fato de que a criminalidade - furtos e roubos de gado - diminuiu "significativamente" durante seu governo.
"Esta é a primeira vez em muitos e muitos anos que os delitos diminuíram. E não é que eles estejam diminuindo este ano, eles têm diminuído. Se estou satisfeito? Não, não estou satisfeito. Mas temos que dizer a verdade, o crime está diminuindo. Não podemos lidar com as mortes", disse.
"O recorde foi em 2018 e agora está estável há muito tempo e isso não é bom", disse Lacalle Pou, que assumiu o cargo em 2020 após 15 anos de governos de esquerda.
O Uruguai, com 3,4 milhões de habitantes, registrou 382 homicídios em 2023, uma taxa de 11,2% de mortes violentas por 100 mil habitantes, praticamente a mesma de 2022, quando os homicídios aumentaram quase 26% em relação a 2021. Em 2018, por sua vez, o número foi de 420 homicídios.
O Uruguai, onde não há reeleição presidencial seguida, realizará eleições para o Executivo nacional e o Legislativo em outubro.
* AFP