Após alguns passos titubeantes e um longo voo originário de Praga, três cavalos de Przewalski galoparam pela primeira vez na estepe cazaque, o habitat natural dessa espécie ameaçada.
Os cavalos, que passaram 20 horas presos em contêineres, são os primeiros das 40 espécies que serão colocadas em liberdade nesse enorme país da Ásia Central durante os próximos cinco anos.
"Esperamos por esse momento durante muito tempo", declarou à AFP Albert Salemgareyev, membro da Associação para a Conservação da Biodiversidade do Cazaquistão.
"Trabalhamos muito nesses últimos meses para trazer os cavalos de Przewalski ao Cazaquistão", acrescentou.
Essa espécie é conhecida por ser a última espécie de cavalos selvagens do mundo. São exemplares similares aos cavalos domésticos modernos, mas com diferenças genéticas: os de Przewalski são mais robustos e têm a cabeça um pouco maior.
Os zoológicos de Praga e de Berlim dirigem esse projeto para preservar a espécie.
"Sabemos que os cavalos de Przewalski estão adaptados a esses estepes', acrescentou Salemgareyev.
Esses cavalos são capazes de resistir aos duros invernos do Cazaquistão, onde as temperaturas podem cair abaixo dos -30ºC e o alimento se torna raro.
As três primeiros espécies - Zorro, Ypsilonka e Zeta II - aterrissaram na estepe cazaque este mês. Quatro outros chegaram ao Cazaquistão de Berlim dias depois.
Inicialmente, ficarão em observação na reserva natural na Estepa Dourada antes de ser colocados em liberdade.
"Monitoraremos sua saúde e veremos como se aclimatam", disse Salemgayerev.
A longa viagem de mais de 5.000 quilômetros, primeiro de avião até a localidade de Arqalyk, e depois de caminhão até o coração da estepe cazaque, é arriscada.
Apesar do monitoramento dos especialistas, um dos cavalos se sentou no contêiner, antes do desembarque, aumentando o risco de problemas circulatórios nas patas.
"Não queríamos colocar sua vida em risco, e a viagem poderia ter sido perigosa, então decidimos deixá-lo tranquilo", afirmou Miroslav Bobek, diretor do zoológico de Praga.
O zoológico de Praga cria essa variedade de cavalos desde 1932 e mantém o livro genealógico mundial da espécie onde registra todos os nascimentos. Em 2011, criou um projeto para reintroduzi-los na Mongólia.
Transportou 34 aviões para o país em aviões militares checos entre 2011 e 2019, antes de a pandemia obrigar a interromper o projeto financiado por diversos zoológicos do mundo.
Atualmente, existem 2.000 cavalos de Przewalski no mundo, a maioria na China e na Mongólia, mas também na França e na Rússia. Alguns vivem livremente na zona de exclusão de Chernobyl, entre Belarus e Ucrânia.
* AFP