O primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, está em estado crítico após ter sido baleado nesta quarta-feira (15), no que o governo do país da Europa Central chamou de ataque político.
O premier foi levado de helicóptero do local do ataque e transferido às pressas para o hospital da cidade de Banska Bystrica, onde foi submetido a cirurgia. "Acredito que ele vá sobreviver", disse à rede britânica BBC o vice-premier da Eslováquia, Tomas Taraba, informando que a intervenção correu bem. "Neste momento, ele não corre risco de vida."
O ministro do Interior, Matus Sutaj Estok, havia dito antes que Fico estava em estado crítico e corria risco de vida.
A presidente da Eslováquia, Zuzana Caputova, anunciou a prisão do agressor. "Estou chocada, todos nós estamos chocados com o ataque terrível e hediondo." Imagens obtidas pela AFPTV mostravam um homem de calça jeans algemado no chão.
Fico, líder populista acusado de ser próximo do Kremlin, levou vários tiros, segundo mensagem publicada em sua página oficial no Facebook.
A diretora do hospital local, Marta Eckhardtova, informou que o primeiro-ministro foi transferido do centro e tratado na unidade de cirurgia vascular, embora sem descrever seus ferimentos.
De acordo com a mídia local, o suspeito do ataque é um escritor de 71 anos. "Não tenho ideia do que meu pai estava pensando, o que ele estava planejando ou por quê", disse o filho do suspeito ao site de notícias eslovaco aktuality.sk.
- Condenações ao ataque -
O presidente eleito da Eslováquia, Peter Pellegrini, disse ter ficado "horrorizado" ao saber do ataque contra seu aliado. "Uma tentativa de assassinato contra um dos mais altos detentores de cargos constitucionais é uma ameaça sem precedentes à democracia eslovaca", acrescentou, na rede social X.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, também condenou veemente "o ataque vil". "Esses atos de violência não cabem em nossa sociedade e violam a democracia, nosso bem comum mais precioso", afirmou.
"A Espanha está ao lado de Robert Fico, de sua família e do povo eslovaco neste momento extremamente difícil. Nada pode justificar a violência", escreveu o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, no X, dizendo que estava "horrorizado e indignado".
O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, disse que estava "chocado com essas notícias terríveis", e o presidente da Lituânia, Gitanas Nauseda, pediu uma "investigação completa".
"Robert, meus pensamentos estão com você neste momento tão difícil", disse o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk.
Também houve reações da América Latina. O governo brasileiro expressou consternação e repúdio ao ataque, e o chileno condenou "toda forma de violência que atente contra a democracia".
- Relações com a Ucrânia -
Além de seu atual mandato como primeiro-ministro, Fico também esteve à frente do governo entre 2006 e 2010, e 2012 e 2018.
Desde a sua última eleição, em outubro, Fico fez uma série de comentários que enfraqueceram os laços entre a Eslováquia e Ucrânia, ao defender uma solução negociada com a Rússia pelo fim da guerra.
Quando ele foi eleito, a Eslováquia parou de enviar armas para a Ucrânia, que está enfrentando uma invasão russa desde 2022. Durante a campanha eleitoral, ele prometeu que não forneceria a Kiev "uma única bala".
Apesar das relações complicadas, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, condenou o que chamou de ato de violência contra o chefe de governo "do Estado parceiro vizinho".
O presidente russo, Vladimir Putin, classificou o ataque como um "crime hediondo", descrevendo Fico como "um homem corajoso e decidido".
Fico também provocou protestos em massa devido às suas mudanças controversas, incluindo uma lei de comunicação social que, segundo os críticos, irá minar a imparcialidade da rádio e da televisão públicas.
Em coletiva de imprensa após o ataque, o deputado Lubos Blaha, do partido Smer, de Fico, atacou os críticos: "Vocês, a imprensa liberal e os políticos progressistas são os culpados. Robert Fico está lutando pela vida por causa do seu ódio."
* AFP