Este sábado (16) é o segundo dia da eleição russa, data destinada a formalizar mais seis anos de poder para Vladimir Putin, o que será seu quinto mandato como presidente. O presidente não enfrenta adversários sérios, apenas três rivais simbólicos.
A votação ocorre em um contexto de repressão política que sufocou os meios de comunicação independentes, partidos de oposição e grupos de direitos humanos. O mais agressivo inimigo de Putin, Alexei Navalni, morreu em uma prisão no Ártico em fevereiro, e outros críticos estão na prisão ou no exílio.
Putin é presidente da Rússia desde o ano 2000 - à exceção de um período entre 2008 e 2012, quando ele foi primeiro-ministro do país.
Além da falta de opções para os eleitores, as possibilidades de monitoramento independente são muito limitadas. Não estão presentes observadores internacionais significativos. Apenas candidatos registrados e aprovados pelo Kremlin - ou órgãos consultivos apoiados pelo Estado - podem designar observadores para os locais de votação, diminuindo a probabilidade de fiscalizações independentes.
Autoridades dizem que o pleito ocorre de maneira ordenada, mas foram relatados casos de vandalismo em locais de votação, incluindo uma ação incendiária e derramamento de líquido verde nas urnas. Este caso foi uma aparente homenagem a Navalni, que em 2017 foi atacado por um agressor que salpicou desinfetante verde no seu rosto.
Após os relatos de vandalismo, legisladores russos sugeriram a introdução de uma nova lei para punir os sabotadores eleitorais com até oito anos de prisão.
Eleição russa ocorre em meio a ataques de drones
Também neste sábado, a guerra ficou tangível nas ruas da Rússia, quando ataques de drones e mísseis ucranianos atingiram mais uma vez o país. Duas pessoas foram mortas em um bombardeio ucraniano em Belgorod, perto da fronteira com a Ucrânia, disse o governador regional, Vyacheslav Gladkov.
Um ataque de drone ucraniano também causou um incêndio em uma refinaria de petróleo pertencente à gigante petrolífera russa Rosneft, na região de Samara, disse o governador regional, Dmitry Azarov.
Apesar dos ataques, analistas dizem que o Kremlin espera elevada participação nas eleições, como um sinal de que os russos aprovam a guerra.
O movimento de oposição da Rússia também apelou aos que estão insatisfeitos com Putin ou com a guerra que compareçam às urnas ao meio-dia deste domingo (17), último dia de votação, como forma de protesto. A estratégia foi endossada por Navalni pouco antes de sua morte.
A eleição ocorre em locais de votação nos 11 fuso-horários da Rússia, em regiões anexadas da Ucrânia e online.
O que dizem autoridades internacionais
Líderes ocidentais ridicularizaram a votação como uma farsa da democracia. O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, felicitou zombeteiramente Putin na última sexta-feira (15) pela "sua vitória esmagadora", em uma eleição que tecnicamente ainda estava em curso. "Sem oposição. Sem liberdade. Sem escolha", escreveu ele na plataforma X, antigo Twitter.