Alexei Navalny, opositor russo e principal adversário do Kremlin, morreu nesta sexta-feira (16) na prisão do Ártico em que cumpria pena de 19 anos de prisão, informou o serviço penitenciário. Navalny cumpria a pena havia aproximadamente três anos.
O Serviço Penitenciário Federal disse, em comunicado, que Navalny, 47 anos, se sentiu mal após uma caminhada na sexta-feira e perdeu a consciência. Os médicos de um hospital no norte da Rússia passaram mais de "meia hora" tentando reanimar o ativista, disse o Hospital de Labytnangi, uma cidade no norte da Rússia, segundo a agência Interfax.
O governo russo afirmou não possuir informações sobre a causa da morte. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, foi informado sobre a morte de seu principal crítico, informou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
"O presidente foi informado", declarou Peskov, citado pela agência estatal de notícias TASS. Ele também disse que o serviço penitenciário trabalha nas "verificações e esclarecimento" da causa da morte.
"Em 16 de fevereiro de 2024, no centro penitenciário N°3, o prisioneiro Navalny A.A. passou mal após uma caminhada (...) as causas da morte estão sendo determinadas", afirmou o serviço penitenciário da região ártica de Yamal em um comunicado.
A equipe do líder opositor russo afirmou que não tem a confirmação de sua morte e que um advogado está a caminho da prisão no Ártico.
"Ainda não temos uma confirmação", declarou nas redes sociais a porta-voz Kira Yarmish, acrescentando que "o advogado de Alexei está agora a caminho de Kharp", a cidade do Ártico onde está o presídio. "Assim que tivermos alguma informação, iremos reportá-la", afirmou.
Repercussão internacional
"(Navalny) pagou com a vida pela sua resistência a um sistema de opressão”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Stéphane Séjourné, na rede social X (antigo Twitter). “A sua morte numa prisão lembra-nos a realidade do regime de Vladimir Putin”, acrescentou.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, afirmou que a União Europeia considera que "o regime russo é o único responsável" pela morte.
"Navalny lutou pelos valores da liberdade e da democracia. Por seus ideais, ele fez o sacrifício final", disse Michel na rede X. "Os combatentes morrem, mas a luta pela liberdade nunca termina", comentou.
O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, lamentou a “imensa tragédia” que a morte do opositor Alexei Navalny representa para o povo russo.
"Estas são notícias terríveis. Como o mais feroz defensor da democracia na Rússia, Alexei Navalny demonstrou uma bravura incrível ao longo da sua vida. Penso na sua esposa e no povo russo, para quem é uma imensa tragédia", escreveu o chefe do Reino Unido.
O chefe da diplomacia espanhola, José Manuel Albares, exigiu que sejam esclarecidas “as circunstâncias” da morte do principal adversário do Kremlin Alexei Navalni.
“Exigimos esclarecimentos sobre as circunstâncias da sua morte, ocorrida durante a sua prisão injusta por motivos políticos”, escreveu o ministro dos Negócios Estrangeiros no X, onde disse sentir-se “profundamente chocado” com a notícia.
Quem foi Navalny
O ex-advogado que se tornou conhecido há mais de uma década por satirizar a elite do presidente Vladimir Putin e denunciar casos de corrupção ganhou notoriedade na década de 2010 ao liderar movimentos de oposição que levaram milhares de pessoas às ruas em protesto contra Putin.
Ele foi detido pelas forças russas em janeiro de 2021, logo após retornar da Alemanha, onde recebeu tratamento por suspeita de envenenamento.
Navalny foi condenado à prisão por um período que o manteria detido até os 74 anos, sob acusações de que ele alegava serem fabricadas com o intuito de mantê-lo afastado da política.