Na madrugada desta quinta-feira (28) completam-se dois dias desde que a ponte Francis Scott Key Bridge desabou depois de um navio cargueiro atingir um de seus pilares na madrugada de terça (26) na cidade de Baltimore, nos Estados Unidos.
Com o desmoronamento da estrutura de 2,5 quilômetros, carros e pessoas caíram nas águas geladas do rio Patapsco. Em entrevista coletiva, um oficial da Guarda Costeira informou que seis pessoas foram consideradas mortas pelas autoridades após horas de buscas, de acordo com a CNN.
Confira, abaixo, o que se sabe sobre o acidente.
Por que a ponte desabou?
Momentos antes da batida, a embarcação teria perdido propulsão e lançado âncora como parte de protocolo de emergência, afirmou a Autoridade Marítima e Portuária de Singapura em comunicado.
A nota indica, ainda, que o navio "não foi capaz de manter a direção desejada e colidiu com a ponte". Vídeos mostram que luzes estavam piscando a bordo do navio momentos antes da colisão.
O governador do Estado de Maryland, Wes Moore, confirmou que a tripulação notificou as autoridades a respeito de um problema de energia antes do acidente. Imagens mostram que a embarcação estava na parte errada do canal quando se aproximou da ponte. Em vez de passar pelo meio da ponte, onde o espaço é maior, o navio bateu em um pilar.
Navio emitiu alerta?
Sim. O navio lançou um pedido de ajuda que permitiu parar o trânsito e salvar vidas, declarou Wes Moore. O navio, que se movia a uma velocidade de oito nós (cerca de 15 km/h) e tem cerca de 300 metros de comprimento, alertou as autoridades que estava perdendo força, o que permitiu parar os carros que se dirigiam para a ponte Francis Scott Key, disse o governador.
— Essas pessoas são heróis. Salvaram vidas ontem à noite — acrescentou.
Quem são as vítimas?
Pelo menos seis pessoas que estavam na ponte no momento do acidente estão desaparecidas. Todas elas eram trabalhadores que tapavam buracos na rodovia da ponte quando o navio colidiu, informou o secretário de Transportes de Maryland, Paul J. Wiedefeld. Ele frisa que as obras não têm relação com alguma questão estrutural.
— Nesse momento, não acreditamos que encontraremos algum desses indivíduos ainda vivo— disse em coletiva de imprensa. A operação de resgate foi alterada para uma de recuperação.
Outras duas pessoas foram resgatadas do rio na manhã de terça-feira. Uma delas não estava ferida e a outra foi encaminhada ao hospital — e já foi liberada, mas não teve seu estado de saúde divulgado.
Nenhuma pessoa que estava no navio ficou ferida, informou a gestora da embarcação, a Synergy Group. Carros foram encontrados submersos na água após o acidente, mas não há informações sobre vítimas nesses veículos, salientou Wiedefeld. Há uma especulação de que os carros pertenciam aos trabalhadores que estavam nas pontes.
Como é a condição da água do rio Patapsco?
O rio Patapsco tem cerca de 15 metros de profundidade no local onde ficava a ponte Francis Scott Key. A temperatura da água é a maior dificuldade para as operações de busca e resgate, que variam entre 7 °C e 10 °C. Humanos conseguem sobreviver nesse ambiente por cerca de uma a três horas. Os corpos perdem calor quatro vezes mais rápido na água do que no ar frio.
Foi acidente ou intencional?
As autoridades estaduais e federais concordam que não há indícios de que a colisão tenha sido intencional. Ainda assim, o FBI, serviço de investigação federal dos EUA, está envolvido na apuração. Isso ocorre por conta do intercâmbio de informações entre várias agências de segurança e porque o FBI tem "equipes de mergulho muito experientes" para ajudar na busca, informou Andrew McCabe, ex-vice-diretor do FBI.
Joe Biden, o presidente dos Estados Unidos, reforçou em coletiva de imprensa que não há motivos que levem a acreditar que o acidente na ponte tenha sido provocado intencionalmente.
Como seguirá a investigação?
Os corpos seguem sendo procurados e o Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos EUA irá liderar a investigação do acidente.
Entre os profissionais da equipe, estão especialistas em operações náuticas, que investigarão as informações sobre as operações da embarcação, além de histórico de segurança, proprietário do navio, operador, política da empresa e sistema de gestão de segurança.
Já Joe Biden afirmou que o governo federal reconstruirá a ponte o mais rápido possível.
— É minha intenção que o governo federal pague todo o custo da reconstrução daquela ponte. E espero que o Congresso apoie meu esforço. Quinze mil empregos dependem desse porto e faremos tudo o que pudermos para proteger esses empregos e ajudar esses trabalhadores — garantiu o presidente.