Dois homens condenados por assassinato foram executados em público no Afeganistão nesta quinta-feira (22), em um estádio de futebol da cidade de Ghazni, na região leste do país, afirmou um jornalista da AFP.
Milhares de homens compareceram ao estádio para assistir as execuções, realizadas por um soldado talibã.
"As duas pessoas foram condenadas por assassinato (...) após dois anos de processo nos tribunais do país. A ordem (de execução) foi assinada pelo líder supremo do país, Hibatullah Akhundzada", anunciou à multidão um alto representante da Suprema Corte, Atiqullah Darwish.
Presentes no estádio, as famílias das vítimas se recusaram a perdoar os dois réus, uma possibilidade contemplada na lei islâmica. Também se negaram a realizar o ato.
Segundo a Suprema Corte, os homens em questão foram identificados como Said Jamal e Gul Khan, culpados por homicídios com faca em 2017 e 2022, respectivamente.
O texto acrescenta que Akhundzada realizou uma "investigação extraordinária" em ambos os casos, antes de autorizar as execuções.
As execuções públicas eram frequentes durante o primeiro regime Talibã, entre 1996 e 2001. Os condenados eram mortos com tiros ou apedrejados, em função dos crimes.
Desde que o movimento Talibã retornou ao poder em Cabul, em agosto de 2021, foram realizadas outras duas execuções, ambas de condenados por assassinato.
A última havia acontecido em junho do ano passado na província de Laghman, leste do país. Um homem sentenciado à morte por assassinar cinco pessoas foi executado a tiros em uma mesquita, diante de quase 2.000 pessoas.
Uma primeira execução pública ocorreu em dezembro de 2022 na província de Farah, no oeste do Afeganistão. Nesse caso, o pai da vítima matou o assassino do filho.
As autoridades também organizaram açoitamentos públicos por outros crimes, como roubo, adultério e consumo de álcool.
O governo Talibã em Cabul, que não é reconhecido por nenhum governo, decidiu impor uma visão rigorosa da lei islâmica.
Em 2022, o líder supremo Akhundzada ordenou a juízes que cumprissem integralmente todos os aspectos da sharia, incluindo a lei de retaliação.
* AFP