Após 25 anos de presença, a Missão das Nações Unidas na República Democrática do Congo (Monusco) iniciou nesta quarta-feira a sua retirada do país com a entrega de sua primeira base às autoridades congolesas.
A pedido do governo de Kinshasa, que considera que a missão tem sido ineficaz, o Conselho de Segurança da ONU aceitou a saída das forças de manutenção da paz em dezembro, apesar da sua preocupação com a escalada da violência no leste do país.
A Monusco, que conta atualmente com 15 mil capacetes azuis, está presente nas três províncias mais conflituosas da região: Kivu do Sul, Kivu do Norte e Ituri.
A saída será realizada de acordo com um "plano de retirada" em três fases.
Na primeira fase, a missão retirará seu componente militar e policial de Kivu do Sul até 30 de abril, e a sua componente civil até 30 de junho.
A segunda e terceira fases serão acionadas após as avaliações da etapa inicial.
A base de Kamanyola, no Kivu do Sul e perto das fronteiras com o Burundi e o Ruanda, foi entregue nesta quarta-feira à polícia nacional da República Democrática do Congo.
Horas antes da entrega da base, os habitantes da cidade manifestavam opiniões divididas sobre a saída da força de paz.
Todas as noites "nós os víamos viajar em veículos blindados até a planície de Ruzizi", uma faixa fronteiriça ameaçada por grupos armados.
"Mas ainda há insegurança, assaltos à mão armada, sequestros", disse Ombeni Ntaboba, presidente do conselho local da juventude.
Beatrice Tubatunziye, diretora uma associação de desenvolvimento em Kamanyola, disse que "a saída das forças de manutenção da paz de Monusco preocupa em um momento em que o país está em guerra com rebeldes apoiados pelos nossos vizinhos ruandeses".
As províncias orientais do país foram devastadas pela violência armada durante 30 anos.
Kivu do Norte registou um aumento na violência desde o ressurgimento, no final de 2021, do movimento rebelde M23, apoiado por Ruanda, que conquistou grandes áreas de território.
A ONU insistiu que a partida da missão deve ser acompanhada por um aumento significativo das forças de segurança congolesas.
* AFP