Um tribunal de El Salvador realizou nesta quinta-feira (8) uma audiência virtual de imposição de medidas contra 492 líderes da temida gangue Mara Salvatrucha (MS-13), acusados de milhares de crimes, entre eles mais de 500 homicídios.
A Procuradoria-Geral da República (FGR, na sigla em espanhol) assegurou na rede social X que os líderes da MS-13 estão "vinculados a 37.402 delitos, cometidos entre 2012 e 2022".
"A este coletivo se atribuem mais de 500 homicídios, desaparecimento de pessoas, extorsões, tráfico de armas, tráfico de pessoas", disse o subdiretor da promotoria contra a criminalidade Max Muñoz, em um vídeo difundido pelo Ministério Público.
Munhoz assegurou que o grupo também é acusado do "delito de rebelião em prejuízo do sistema democrático de El Salvador". "Isto por ter se levantado em armas com o objetivo de controlar parte do território", afirmou.
A audiência foi realizada quatro dias depois de o presidente salvadorenho, Nayib Bukele, autoproclamar sua reeleição com 85% dos votos graças à sua "guerra" contra as facções criminosas, que reduziu os homicídios ao mínimo.
"Amanhã [sexta-feira], conheceremos a resolução do juiz", escreveu na rede social X o procurador-geral Rodolfo Delgado, após o término da audiência desta quinta.
Os líderes criminosos "semearam o terror" por décadas e "vão pagar por cada vida" ceifada, garantiu.
O país está há dois anos sob estado de exceção e, neste período, quase 76.000 pessoas foram detidas sem ordem judicial, das quais mais de 7.000 foram liberadas por serem inocentes.
Organizações de direitos humanos criticam o regime de exceção de Bukele e denunciam "detenções arbitrárias", "torturas" e "mortes" na prisão.
Além de controlarem 80% do território salvadorenho, segundo o governo, os criminosos são acusados de "cobrar taxas, exercer sua própria justiça e ter um grupo armado para a consecução de tais fins".
Após o fim da guerra civil em 1992, os salvadorenhos passaram a viver sob o terror da facção criminosa Mara Salvatrucha e sua rival Barrio 18, que juntas chegaram a somar cerca de 100.000 membros.
O governo atribui às facções mais de 120 mil homicídios nas últimas décadas.
* AFP