Um trabalhador têxtil morreu em Bangladesh, devido aos ferimentos sofridos no início deste mês em uma manifestação por melhores salários, informou a polícia neste domingo (12), elevando para quatro o número de mortes desde a deflagração do movimento.
Nas últimas semanas, o país foi abalado por sua pior revolta social em uma década, com dezenas de milhares de trabalhadores enfrentando a polícia para exigir que o salário mínimo fosse triplicado para 23.000 takas (US$ 206, ou R$ 1.011 na cotação atual).
Jalal Udin, um trabalhador têxtil de 42 anos, ficou ferido em confrontos com a polícia no início deste mês em Gazipur, ao norte de Daca, e morreu no sábado.
O cunhado de Udin, Rezaul Karim, disse à imprensa que o trabalhador foi baleado com uma escopeta e levado para Daca para tratamento.
A comissão do salário mínimo do setor têxtil propôs esta semana um aumento de 56,25% no salário-base mensal dos quatro milhões de trabalhadores do setor, elevando-o para 12.500 takas (US$ 113, ou R$ 555,96 na cotação atual), um valor considerado "ridículo" e imediatamente rejeitado pelos sindicatos.
Desde esta oferta, os protestos se intensificaram, e pelo menos 70 fábricas foram danificadas.
Novos protestos foram relatados na manhã deste domingo no distrito de Mirpur, ao norte de Daca, onde mais de 10.000 trabalhadores abandonaram o trabalho, e ao menos nove fábricas fecharam durante o dia.
As 3.500 fábricas de confecção de Bangladesh representam cerca de 85% dos US$ 55 bilhões (R$ 270 bilhões na cotação atual) em exportações anuais do país e trabalham para muitas das principais marcas do mundo, como Levi's, Zara e H&M. As condições de trabalho de grande parte dos quatro milhões de trabalhadores do setor, a grande maioria mulheres, são desastrosas.
* AFP