A Suprema Corte do Iraque destituiu nesta terça-feira (14) o influente presidente sunita do Parlamento, Mohammed al Halbussi, desatando uma nova crise política que já fez com que três ministros renunciassem a seus cargos.
A Suprema Corte, cuja decisão não cabe recurso, começou a analisar o caso após uma denúncia apresentada contra Al Halbussi por um deputado, por suspeita de "falsificação" de documento.
Trata-se do último caso em um país que vive ao ritmo das convulsões políticas que fazem e desfazem as alianças entre os grandes partidos e as lideranças políticas.
O partido Taqadom ("Progresso", em árabe) denunciou a decisão da máxima instância judicial como uma "violação flagrante da Constituição", com um "objetivo político".
Em consequência, o partido anunciou a saída do governo de seus três ministros - Cultura, Planejamento e Indústria - e convocou os deputados de sua bancada para um "boicote" às sessões parlamentares.
As eleições e designações de dirigentes iraquianos podem envolver meses de negociações.
O Parlamento, de 329 deputados, está atualmente dominado por uma coalizão de partidos xiitas pró-iranianos, em que também há discordâncias.
Desde a derrubada de Saddam Hussein em 2003, a presidência do Parlamento recai, por uma regra implícita, em um político da comunidade muçulmana sunita, minoritária no Iraque.
Al Halbussi vinha mantendo atritos com os grandes partidos pró-iranianos há vários meses, e o surgimento de deputados sunitas dissidentes enfraqueceu a coalizão.
Mohammed al Halbussi, ex-governador da província de Al Anbar (oeste), majoritariamente sunita, foi eleito presidente do Parlamento pela primeira vez em 2018, com apoio do bloco pró-iraniano.
Em poucos anos ele se tornou uma figura política do primeiro escalão e um interlocutor privilegiado de numerosos governos ocidentais e árabes.
Nas eleições legislativas de 2021, o partido Taqadom obteve 37 cadeiras e Al Halbussi se tornou o chefe de uma importante coalizão parlamentar sunita, que depois acabou enfraquecida por divergências internas.
Os legisladores deverão agora eleger seu sucessor.
"Infelizmente, há quem queira desestabilizar o país", declarou Al Halbussi, considerando que sua destituição se deveu a um "veredicto estranho".
* AFP