Arqueólogos marroquinos anunciaram nesta sexta-feira (3) a descoberta do "primeiro" antigo bairro portuário do Marrocos, uma extensão do sítio de Chellah (ou Salé) em Rabat, registrado como patrimônio mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Na margem esquerda do rio Bu Regreg, escavações realizadas por uma equipe do Instituto Nacional de Ciências da Arqueologia e do Patrimônio (INSAP) revelaram um espaço pavimentado com calcário azul, rodeado de construções, incluindo colunas e um altar de incenso utilizado em ritos religiosos.
"É uma descoberta importante, porque é a primeira vez que encontramos vestígios que atestam a presença de um antigo bairro portuário no Marrocos", disse o arqueólogo Abdelaziz El Khayari, durante uma visita da imprensa ao local.
Esta região portuária poderia "remontar ao século I d.C. ou II d.C., da época romana", segundo Khayari, responsável por este projeto iniciado em abril de 2023.
"Vamos continuar as pesquisas e as escavações para determinar a função destas construções e sua data. E também para encontrar outros vestígios que possam nos levar ao porto de Salé", acrescenta o especialista.
A uma curta distância do bairro portuário, os arqueólogos também fizeram outras descobertas relacionadas à antiga cidade.
Os banheiros públicos, foram "construídos, no máximo, no início do século II d.C." e "constituem uma área de aproximadamente 2.000 m², o que indica que estamos perante um dos maiores estabelecimentos termais do antigo Marrocos", segundo uma apresentação do Ministério da Cultura.
Também foi encontrada uma nova necrópole que pode remontar ao século II d.C. Trata-se de "um columbário com cinco nichos que abrigavam urnas cinerárias", explicou o arqueólogo El Khayari.
Uma parte da antiga muralha da cidade e uma estátua feminina sem cabeça também foram desenterradas.
O Marrocos conta com diversos sítios arqueológicos, sendo os mais famosos as ruínas de Chellah, em Rabat, e as de Volubilis, perto de Meknes (centro).
* AFP