As eleições prosseguiam nesta quinta-feira (24) pelo segundo dia consecutivo em várias seções eleitorais do Zimbabué, especialmente na capital, após atrasos significativos observados na véspera pela falta de material de votação, o que foi denunciado pela oposição, que teme fraudes.
A votação crucial "continua em algumas circunscrições eleitorais" em Harare, mas também no leste do país, disse Justin Manyau, porta-voz da comissão eleitoral (ZEC).
"Somos muito meticulosos" ao determinar quando a votação terminará, disse o vice-presidente da ZEC, Rodney Kiwa.
Em dezenas de seções eleitorais, massas de eleitores irritados e cansados esperaram, ontem, a chegada das cédulas, alguns passando a noite toda em barracas de campanha, ou escolas. Autoridades eleitorais anunciaram em vários sites que estavam "sendo impressas".
Em Glen Norah, subúrbio no sudoeste de Harare, as cédulas só chegaram por volta das 2h. Ao longo da manhã, os eleitores entravam e saíam, irritados mas determinados, da seção eleitoral.
"Esperamos o dia todo", mais de 16 horas, em vão, disse Lawrence Dzukutu, um comerciante de 52 anos que voltou para votar.
"Alguns de nós tivemos que ir trabalhar", disse ele com raiva, reconhecendo que a prioridade é votar.
Os atrasos forçaram o presidente em final de mandato, Emmerson Mnangagwa, que busca seu segundo mandato aos 80 anos, a publicar uma ordem, tarde da noite, para prolongar as eleições por mais um dia.
O caos observado em alguns centros eleitorais levou a acusações de "trapaça" e de "supressão de eleitores" por parte da oposição.
As eleições presidenciais, legislativas e municipais opõe, principalmente, o Zanu-PF, no poder desde a independência do país em 1980, e o principal partido opositor, a Coalizão Cidadã pela Mudança (CCC) com Nelson Chamisa, advogado e pastor de 45 anos à frente.
O Zimbábue enfrenta uma grave crise econômica há anos, marcada por um desemprego recorde e uma inflação que atingiu 101% em julho, segundo dados oficiais.
* AFP