O número de mortos no incêndio no Havaí pode chegar a 100 neste domingo (13). A estimativa é das próprias autoridades, que estão sendo bastante criticadas em relação à gestão da crise. Há 93 óbitos confirmados, mas o número pode aumentar à medida que as equipes de resgate com cães treinados realizam o trabalho de buscas.
Lahaina, cidade costeira da ilha de Mauí, foi quase totalmente destruída pelo incêndio, que arrasou a localidade nas primeiras horas da quarta-feira (9), enquanto os sobreviventes denunciam que não receberam qualquer alerta.
Questionada sobre o tema, a senadora pelo Havaí, a democrata Mazie Hirono, afirmou, neste domingo, que aguardaria os resultados da investigação anunciada pela procuradora-geral do estado, Anne Lopez.
— Não vou dar nenhuma desculpa para esta tragédia — disse Hirono para a emissora CNN.
— No que me diz respeito, estamos concentrados na necessidade de resgate e, tristemente, na localização de mais corpos — acrescentou.
O fogo impactou ou destruiu mais de 2,2 mil estruturas em Lahaina. Oficialmente, as perdas são estimadas em 5,5 bilhões de dólares (aproximadamente 27 bilhões de reais), sem contar os milhares de pessoas que perderam suas casas.
— Os restos que estamos encontrando são de um incêndio que fundiu o metal — explica John Pelletier, chefe da polícia de Mauí.
Os corpos resgatados são difíceis de identificar. Apenas dois puderam ser identificados. Por esta razão, os familiares das pessoas desaparecidas estão sendo submetidos a testes de DNA.
Dúvidas sobre o sistema de alerta
O incêndio é considerado o mais mortal nos Estados Unidos desde 1918, quando 453 pessoas morreram em Minnesota e Wisconsin, segundo o grupo de investigação sem fins lucrativos Associação Nacional de Proteção contra Incêndios.
O balanço de vítimas fatais supera o do Camp Fire, ocorrido em 2018, na Califórnia, que praticamente apagou do mapa a cidade de Paradise, e vitimou 86 pessoas.
Estão sendo feitas perguntas sobre o quanto preparadas as autoridades estavam para a catástrofe, apesar da exposição da ilha a perigos naturais como tsunamis, terremotos e tempestades violentas.
Em seu plano de gestão de emergências do ano passado, o estado do Havaí descreveu o risco de incêndios florestais afetarem a população como "baixo".
Mauí sofreu várias interrupções de energia durante a crise, impedindo que muitos moradores recebessem alertas por meio de seus telefones celulares.
Nenhuma sirene de emergência funcionou e muitos moradores de Lahaina disseram que souberam do incêndio ao ver os vizinhos correndo pelas ruas ou quando eles mesmos viram o fogo.
A polícia de Mauí disse que não será permitida a entrada a Lahaina, inclusive para os moradores, enquanto forem realizadas evacuações de segurança e as buscas continuarem.
Vários moradores aguardaram no sábado (12) para acessarem ao local para procurarem seus familiares ou animais de estimação perdidos. Porém, a polícia alertou para o risco de multas e inclusive de prisão.
O desastre ocorre no Havaí depois que a América do Norte sofreu vários fenômenos climáticos extremos durante o verão, de incêndios recordes no Canadá e de uma extensa onda de calor, que castigou o sudeste dos Estados Unidos e o México.
A Europa e algumas partes da Ásia também sofreram ondas de calor, inundações e enormes incêndios alimentados pelas mudanças climáticas.