Combatentes jihadistas mantêm um cerco há dias na antiga cidade de Tombuctu, no norte do Mali, informaram autoridades locais nesta segunda-feira (21).
Os extremistas "bloquearam todas as estradas" de acesso à cidade, vizinha ao deserto do Saara, disse à AFP um legislador local, que não quis ser identificado. Segundo ele, não é permitida a entrada ou a saída de nenhum bem entre Tombuctu e o restante do país africano.
"Tudo é caro porque os produtos não chegam mais à cidade. Os jihadistas bloquearam as estradas. É muito difícil", concordou um funcionário da Prefeitura, que também pediu para não ser identificado.
Segundo o dono de um posto de gasolina, o aumento dos preços já é sentido com força. "Um litro de gasolina passou de 845 francos CFA (aproximadamente 6,97 reais, na cotação atual), para 1.250 francos CFA (aproximadamente R$ 10) em uma semana.
No começo do mês, foram publicadas nas redes sociais mensagens atribuídas a um comandante do Grupo de Apoio ao Islã e aos Muçulmanos (GSIM), ligado à Al Qaeda, nas quais ele dizia ter "declarado guerra" à região de Tombuctu, que é uma das grandes cidades no norte do Mali que caíram, primeiramente, nas mãos dos rebeldes tuaregues e, depois, dos combatentes salafistas em 2012.
Em 2013, tropas francesas e malinesas recuperaram o controle da cidade e a ONU enviou uma missão de manutenção da paz (Minusma).
O Mali sofreu três golpes de Estado em uma década e é governado atualmente por uma junta militar, que pressiona para que a missão da ONU deixe o país. A Minusma retirou-se nos últimos anos de duas bases que tinha perto de Tombuctu, transferindo o comando para o Exército malinês.
No fim de junho, o Conselho de Segurança da ONU anunciou a retirada total de seus capacetes azuis até o fim de 2023. Neste mês, no entanto, a missão antecipou sua retirada de uma base situada no norte do país, evocando a situação perigosa de segurança naquela área.
O controle territorial é um tema importante para os militares que tomaram o poder no Mali em 2020 e fizeram da soberania um de seus mantras. Mas grandes áreas do país escapam da autoridade do Estado. Grupos jihadistas continuaram expandindo sua influência no território malinês e nos vizinhos Níger e Burkina Faso.
* AFP