Centenas de sudaneses fugiram de Nyala, em Darfur do Sul, neste domingo (13), atacados por paramilitares que enfrentam o Exército sudanês há quatro meses, relataram os habitantes à AFP.
A região de Darfur (oeste) concentra, junto com a capital do país, Cartum, a maior parte dos combates.
De acordo com o informe de um morador, centenas de pessoas foram forçadas a fugir de Nyala, a capital do estado de Darfur do Sul, a segunda maior cidade do país, onde "foguetes caíam sobre as casas".
Segundo outros testemunhos, os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (FAR) do general Mohamed Hamdane Daglo atacaram Nyala com "dezenas de veículos militares", e "centenas de habitantes estavam fugindo dos tiros de artilharia, que estavam se intensificando".
Palco de uma guerra civil nos anos 2000, Darfur é o bastião das FAR.
Os combates se concentraram, por muito tempo, em El Geneina, a capital do estado de Darfur do Oeste, onde a ONU suspeita que "crimes contra a humanidade" tenham sido cometidos.
Várias fontes detalharam massacres de civis e assassinatos por motivos étnicos na região, imputáveis aos paramilitares e às milícias árabes aliadas.
No início dos anos 2000, o general Daglo, então no comando das milícias árabes Janjawid, conduziu uma política de terra arrasada contra as minorias étnicas de Darfur, sob as ordens do ex-ditador Omar al Bashir.
Pelo menos 27 localidades de Darfur foram incendiadas pelos paramilitares e seus aliados, de acordo com o laboratório de pesquisa humanitária de Yale, comparável em "ferocidade e intensidade da violência ao observado durante o genocídio de Darfur em 2003/2004", segundo seu diretor, Nathaniel Raymond.
Também estão ocorrendo combates em Omdurman, periferia do norte de Cartum.
Desde 15 de abril, o conflito entre as FAR e o Exército liderado pelo general Abdel Fatah al Burhan já deixou pelo menos 3.900 mortos, um número que pode ser muito maior. Além disso, mais de quatro milhões de pessoas tiveram de fugir de suas casas.
* AFP