A Turquia impôs nesta segunda-feira (10) como condição para desbloquear a adesão da Suécia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) seu próprio acesso à União Europeia (UE), na véspera de uma reunião de cúpula decisiva da Aliança Atlântica na Lituânia, concentrada no apoio militar à Ucrânia ante a invasão russa.
Em relação à adesão da Ucrânia à aliança militar, a organização deve eliminar um importante obstáculo no processo: a exigência do chamado Plano de Ação para a Adesão, um dispositivo que estabelece uma série de objetivos de reforma.
Os aliados "estão dispostos" a eliminar essa exigência para a candidatura de adesão da Ucrânia, disse à AFP um funcionário ocidental da aliança, que pediu para não ser identificado.
O plano "é apenas uma das etapas do processo de adesão à OTAN. Mesmo que seja eliminado, a Ucrânia terá de fazer outras reformas antes de ingressar na Otan", disse a mesma fonte.
O ingresso a curto prazo parece, no entanto, descartado.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, cuja aprovação é obrigatória para a entrada da Suécia, aumentou a pressão nesta segunda-feira.
"Primeiro abram caminho para a adesão da Turquia à União Europeia e depois abriremos o caminho para a Suécia, como abrimos o caminho para a Finlândia", declarou o presidente turco.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, reagiu imediatamente, e criticou a condição. Ele garantiu que a candidatura da Turquia ao bloco europeu "não está relacionada" com a adesão da Suécia à aliança.
Erdogan também reiterou suas exigências a Estocolmo, a quem acusa de indulgência para com os militantes curdos refugiados em seu território.
Pouco depois de desembarcar em Vilnius, Erdogan se reuniu com o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, e com o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, para tentar destravar a questão do acesso sueco.
As negociações entre Turquia e UE estão bloqueadas há vários anos.
A Suécia e a vizinha Finlândia encerraram décadas de não-alinhamento militar para se candidatarem à adesão à Otan, após a invasão da Ucrânia pela Rússia. A Finlândia entrou oficialmente em abril.
- Mapa de rota claro -
Para dissuadir a Rússia de iniciar novas ofensivas, Kiev, e também os países da Europa Oriental, pedem à aliança militar que estabeleça um roteiro claro nestes dois dias de cúpula. Estados Unidos e Alemanha insistem, no entanto, em uma promessa vaga sobre a adesão futura da Ucrânia, sem definir um cronograma.
"Não acho que esteja pronta para ingressar na OTAN", disse Biden à rede CNN, acrescentando que também não há unanimidade entre os aliados sobre a integração da Ucrânia "no meio de uma guerra".
"Estaríamos em guerra com a Rússia se esse fosse o caso", alertou.
O Kremlin considera que a entrada de Kiev na aliança seria "muito negativa" para a segurança na Europa.
Para contrabalançar essa posição e mostrar seu apoio, vários pesos-pesados da Otan negociam possíveis compromissos de fornecimento de armas de longo prazo para Kiev, especialmente porque as forças ucranianas lançaram uma contraofensiva em junho para retomar as áreas ocupadas pela Rússia. As tropas ucranianas avançam lentamente, porém.
Nesta segunda-feira, Kiev anunciou ter liberado 14 km2 de território na semana passada, ou um total de 193 km2 desde junho, e recuperado algumas posições-chave perto de Bakhmut (leste).
- Bombas de fragmentação -
Desde o início da invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022, o país recebeu dezenas de bilhões de dólares em equipamentos militares.
Na sexta-feira, Washington prometeu enviar as controversas bombas de fragmentação. Proibidas em muitos países, este tipo de armamento mata indiscriminadamente, ao dispersar pequenas cargas explosivas antes ou depois do impacto. Podem causar inúmeras civis, como dano colateral.
Biden, que reconheceu ter sido uma decisão "difícil", reuniu-se hoje, em Londres, com o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, que pediu no fim de semana que não esse tipo de bomba não seja utilizado.
A China advertiu sobre os "problemas humanitários" que tais munições podem causar. A Rússia denunciou seu envio, classificando-o como "demonstração de fraqueza".
A guerra na Ucrânia, que completou 500 dias no fim de semana, deixou 9.000 civis mortos, incluindo 500 menores de idade, segundo a ONU, que acredita que o número de vítimas é muito maior.
* AFP