O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, suspendeu, nesta segunda-feira (10), seu veto ao ingresso da Suécia na Otan, na véspera de uma cúpula da Aliança Atlântica que visa passar uma mensagem unificada de apoio à Ucrânia diante da invasão da Rússia.
O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, disse que, com o acordo alcançado com Erdogan, enviará "o Protocolo de Adesão da Suécia à Grande Assembleia Nacional o quanto antes, e trabalhará junto à Assembleia para garantir a ratificação".
No início do dia, Erdogan havia abalado a Otan ao afirmar que seu país apenas daria seu aval à adesão da Suécia à aliança se fossem retomadas as negociações para o acesso da Turquia à União Europeia (UE).
O presidente se reuniu nesta segunda com Stoltenberg e o primeiro-ministro da Suécia, Ulf Kristersson, mas diante da nova exigência, logo se encontrou também com o titular do Conselho Europeu, Charles Michel.
Ao fim dessa reunião, Michel anunciou que havia discutido com Erdogan formas de "revitalizar" as relações entre a UE e a Turquia.
De acordo com Michel, o Conselho "convidou o alto representante (o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell) e a Comissão Europeia a apresentar um relatório com uma visão sobre como operar de forma estratégica e com vistas ao futuro".
A Turquia apresentou sua candidatura em 1987 e foi considerada elegível em 1999, embora na última década não tenha se registrado nenhum avanço nesse sentido.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, desembarcou em Vilnius no início da tarde, após sair de Londres, onde se reuniu com o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, e o rei Charles III.
Ao destacar que estava "ansioso" para receber a Suécia como o 32º Estado membro da Otan, Biden mostrou-se disposto a trabalhar com Erdogan "para fortalecer a defesa e a dissuasão na área euro-atlântica".
A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, saudou as "boas notícias vindas de Vilnius".
O primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, celebrou "um bom dia" para seu país e um "grande passo".
A Hungria também precisa aprovar a adesão, mas seu primeiro-ministro, Viktor Orban, sugeriu que poderia fazê-lo rapidamente, indicando que não quer ser o último a dar esse passo.
- Situação da Ucrânia -
A cúpula da Otan terá como assunto central a delicada relação da aliança militar transatlântica com a Ucrânia, que desde fevereiro de 2022 enfrenta uma ofensiva por parte das tropas russas. O país pede insistentemente garantias de segurança e uma futura adesão.
Sobre a entrada na aliança, o grupo levantará um importante obstáculo no processo: a exigência do chamado Plano de Ação para a Adesão (MAP, na sigla em inglês), um dispositivo que estabelece uma série de objetivos e reformas.
Os aliados "estão dispostos" a eliminar esse requisito para a candidatura da Ucrânia, disse à AFP um funcionário ocidental da aliança, que pediu anonimato.
Esse plano "é só uma das etapas do processo de entrada na Otan. Mesmo se for removido, a Ucrânia deverá realizar outras reformas antes de integrar a Otan", explicou o funcionário.
O ingresso a curto prazo parece, entretanto, descartado. Estados Unidos e Alemanha insistem em uma promessa vaga sobre a futura adesão da Ucrânia, sem estabelecer um cronograma.
"Não acredito que esteja pronta para fazer parte da Otan", afirmou Biden à CNN, acrescentando que também não havia unanimidade entre os aliados sobre a integração da Ucrânia "em meio a uma guerra". "Estaríamos em guerra com a Rússia se esse fosse o caso", alertou.
"O processo de adesão à Otan leva tempo", acrescentou.
O governo russo declarou que o ingresso de Kiev na Aliança Atlântica seria "muito negativa" para a segurança na Europa.
Para contrapor essa posição e mostrar seu apoio, vários pesos-pesados da Otan estão negociando possíveis compromissos para fornecer armas de longo prazo a Kiev, especialmente quando as forças ucranianas lançaram uma contraofensiva em junho para recuperar áreas ocupadas pelos russos, mas avançam lentamente.
Desde o início da invasão russa da Ucrânia, o país recebeu dezenas de bilhões de dólares em equipamento militar.
Os Estados Unidos prometeram na sexta-feira enviar bombas de fragmentação a Kiev. Estas armas, proibidas em muitos países, matam de maneira indiscriminada ao dispersar pequenas cargas explosivas, e podem causar colateralmente um número alto de vítimas civis.
* AFP