Um grupo de sudaneses incentivou neste domingo (23) a doação de alimentos para garantir a sobrevivência, em meio a uma grave crise humanitária desencadeada por mais de três meses de guerra entre o Exército e paramilitares.
Devido aos combates, especialmente na capital Cartum, milhões de pessoas estão trancadas em suas casas. Muitas estão sem água corrente e enfrentam escassez de eletricidade e comida.
Para tentar ajudar, a associação de al-Danaqla, em Cartum, lançou no domingo um "apelo urgente" à população.
"Temos que ajudar uns aos outros, doar comida e dinheiro para as pessoas ao redor", escreveu o grupo.
Abbas Mohammed Babiker disse à AFP que sua família agora come apenas uma vez por dia.
"Com a guerra, não há mercado, e de qualquer maneira não temos dinheiro", disse Essam Abbas.
Os funcionários públicos não recebem seus salários desde março.
Na semana passada, o violinista Khaled Senhuri, conhecido na cena musical de Cartum, "morreu de fome" em Omdurman. Seus amigos afirmaram no Facebook que ele não conseguia sair de casa para comprar comida.
Desde 15 de abril, ataques aéreos do Exército, liderado pelo general Abdel Fattah al-Burhan, e disparos de artilharia e drones das Forças de Apoio Rápido (FAR), do general Mohamed Hamdan Daglo, causaram pelo menos 3.900 mortes, segundo a ONG Acled.
Antes da guerra, um sudanês em cada três sofria de fome. Atualmente, mais da metade dos 48 milhões de habitantes do país precisa de ajuda humanitária para sobreviver, mas ONGs e a ONU dizem que tiveram o acesso à região negado.
* AFP