O Azerbaijão acusou neste domingo (16, noite de sábado no Brasil) a Rússia de descumprir suas obrigações no âmbito de um acordo de cessar-fogo assinado com Moscou em 2020 para encerrar os combates com a Armênia pelo controle da região de Nagorno-Karabakh.
"A parte russa não garantiu a plena aplicação do acordo no marco de suas obrigações", disse o Ministério das Relações Exteriores de Baku, acrescentando que Moscou "não fez nada para impedir" o fornecimento de suprimentos militares da Armênia às forças separatistas no enclave em conflito.
No outono de 2020, a Rússia patrocinou um acordo de cessar-fogo que colocou fim a seis semanas de confrontos na região montanhosa separatista.
Pelo acordo, a Armênia cedeu faixas de território e a Rússia implantou forças de manutenção da paz no corredor de Lachin, uma faixa de cinco quilômetros de largura, que é a única ligação terrestre entre o enclave de Nagorno-Karabakh e a Armênia.
A Armênia e o Azerbaijão disputam a região de Nagorno-Karabakh desde o final da década de 1980, um conflito que resultou em duas guerras. A última, em 2020, resultou na derrota das forças armênias, que perderam território para o Azerbaijão.
Uma parte do enclave, com maioria étnica armênia, mas localizada em território reconhecido internacionalmente como do Azerbaijão, segue nas mãos dos separatistas armênios, mas está cercada por territórios controlados por Baku.
Recentemente, Baku fechou o corredor, o que desencadeou protestos e temores de uma crise humanitária.
No sábado, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia instou o Azerbaijão a reabrir o corredor.
O presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, e o primeiro-ministro da Armênia, Nikol Pashinyan, se encontraram no sábado em Bruxelas para conversas mediadas pela União Europeia, a fim de resolver o conflito de décadas pelo controle de Karabakh.
Baku e Yerevan têm tentado negociar um acordo de paz com a ajuda da União Europeia e dos Estados Unidos, cujo crescente envolvimento diplomático no Cáucaso tem irritado a Rússia.
Na tentativa de reafirmar seu papel de líder, Moscou se ofereceu no sábado para receber os ministros das Relações Exteriores dos dois países e sugeriu que o futuro tratado de paz pudesse ser assinado em Moscou.
* AFP