A passagem do ciclone Mocha por Mianmar provocou 145 mortes, de acordo com um balanço atualizado divulgado pela junta militar que governa o país do sudeste asiático. O balanço anterior divulgado pelo governo birmanês citava 80 vítimas.
Mocha atingiu Mianmar e Bangladesh no fim de semana passado, com fortes chuvas e ventos de 195 km/h que destruíram edifícios e inundaram as ruas. O ciclone de categoria cinco, tocou o solo tornando-se a maior tormenta a atingir a baía em mais de uma década.
A tempestade mais violenta a atingir a região em uma década devastou vilarejos e bloqueou as comunicações em grande parte do estado de Rakhine, onde centenas de milhares de rohingyas vivem em acampamentos de deslocados após décadas de conflito étnico.
O vento destruiu casas feitas de bambu e lona em um acampamento de refugiados rohingya em Kyaukphyu, no estado birmanês, enquanto os moradores observavam, preocupados, a elevação da maré.
— Agora vamos verificar se o nível do mar está subindo até nossa casa (...) se a maré subir, nosso acampamento ficará inundado — explicou o líder do acampamento, Khin Shwe.
No sábado (13), os moradores de Sittwe colocaram seus pertences e animais de estimação em carros, caminhões e outros veículos, em busca de terrenos mais altos, observaram jornalistas no local.
"De acordo com as informações que recebemos, quatro soldados, 24 residentes e 117 'bengalis' morreram na tempestade", anunciou a junta, utilizando um termo pejorativo como referência à minoria muçulmana dos rohingyas.
Sem mortes em Bangladesh
No vizinho de Bangladesh, as autoridades não relataram nenhuma morte provocada pelo ciclone, que passou perto dos campos de refugiados que abrigam quase 1 milhão de muçulmanos rohingyas que fugiram da repressão militar de Mianmar em 2017.
Entre 400 e 500 abrigos improvisados foram danificados nos acampamentos que acolhem a minoria muçulmana em Cox's Bazar, mas nenhuma vítima foi relatada, disse o comissário de refugiados, Mizanur Rahman.
Kamrul Hasan, responsável pela gestão de desastres, afirmou que o ciclone não causou "grandes danos" em Bangladesh, onde as autoridades deslocaram 750 mil pessoas antes da tempestade.
No domingo (14), as operações no maior porto marítimo do país, o Chittagong, foram suspensas, e as atividades de navegação e pesca, interrompidas.
Os ciclones, chamados furacões no Atlântico, e tufões, no Pacífico, são uma ameaça frequente e mortal nos litorais do norte do Oceano Índico, onde vivem dezenas de milhões de pessoas. Em 2008, o ciclone Nargis arrasou o delta do Irrawaddy, em Mianmar, deixando pelo menos 138 mil mortos.