A República Dominicana informou, neste domingo (16), a proibição da entrada ao país de 39 haitianos poderosos, inclusive dois ex-primeiros-ministros, o ex-chefe do Senado e outros políticos, por supostos vínculos com o financiamento das gangues violentas que espalham o terror no país.
A medida impede a entrada na República Dominicana dos ex-premiês Laurent Lamonthe e Evans Paul, dos ex-ministros da Justiça Berto Dorce e Liszt Quitel, assim como do ex-chefe do Senado, Youri Latortue, e dos ex-deputados Jean Tholbert Alexis e Arnel Bélizaire.
Destacam-se, também, na lista os dirigentes políticos Gary Bodeau, Rony Célestin e Hervé Fourcand.
"As pessoas cuja entrada é proibida (...) têm tido conflitos com o sistema de justiça do seu país, em alguns casos, e com outros ordenamentos, devido a temas como o tráfico de armas, apoio às quadrilhas criminosas que castigam o vizinho país do Haiti", informou, em nota, a Presidência dominicana.
Ainda segundo o texto, a decisão se enquadra em uma série de medidas que o governo "vem tomando com o interesse de proteger a segurança dos habitantes da República Dominicana".
Em dezembro passado, o Canadá anunciou sanções contra os ex-ministros Dorce e Quitel, ao acusá-los de corrupção e lavagem de dinheiro a favor das quadrilhas criminosas. A medida se somou a outra, já imposta, contra ex-primeiros-ministros e empresários haitianos.
Em fevereiro, os Estados Unidos impuseram uma restrição a vistos para LaTortue, Celestin e Fourcand, também por envolvimento com as quadrilhas criminosas do Haiti.
A restrição imposta pela República Dominicana também se dirige a Rodolphe Jaar, detido nos Estados Unidos e que se declarou culpado de participar do assassinato do presidente haitiano Jovenel Moïse, em julho de 2021.
Vários empresários poderosos, como Reynold Deeb e Sherif Abdallah, também sancionados pelo Canadá, e alguns líderes de grupos criminosos como "Ti Makak", tampouco poderão entrar na República Dominicana.
O Haiti, país mais pobre das Américas, está mergulhado há anos em uma crise econômica, política e de segurança, agravada pelo assassinato de Moïse e pela atuação crescente das gangues.
A situação multiplicou o êxodo de haitianos em situação irregular para a República Dominicana que, por sua vez, endureceu sua política com mais operações migratórias e a construção de um muro na fronteira comum entre os dois países.
* AFP