O presidente francês, Emmanuel Macron, promulgou, na madrugada deste sábado (15), sua impopular reforma da Previdência, uma "provocação" para os sindicatos e para a oposição, após três meses de um conflito social que deve continuar.
— Uma lei promulgada à noite, como os ladrões — reagiu o líder comunista, Fabien Roussel.
"Que provocação! Nova fanfarrice de Emmanuel Macron em um momento em que o país nunca esteve tão fraturado", tuitou Marine Tondelier, dos Verdes.
O gabinete de Macron anunciou que o chefe de Estado se dirigirá à nação em discurso na noite de segunda-feira (17), para fazer, segundo o porta-voz do governo, Olivier Véran, um "balanço" dos três meses de crise, "em uma lógica de apaziguamento".
Na sexta-feira (14) à tarde, o Conselho Constitucional francês validou o adiamento da idade de aposentadoria de 62 para 64 anos até 2030, assim como a antecipação para 2027 da exigência de se contribuir durante 43 anos, e não 42, para receber uma pensão integral.
Os sindicatos advertiram que a França vive uma "crise democrática", depois que o presidente decidiu, em meados de março, adotar por decreto sua impopular lei, temendo perder a votação no Parlamento. Macron não tem maioria absoluta na Casa.
Essa decisão radicalizou os protestos e, com sua rápida promulgação, Macron "parece gostar de colocar lenha na fogueira", afirmou o líder do sindicato UNSA, Laurent Escure, para quem "nada de bom sairá disso".
Na sexta-feira, após a decisão constitucional, foram registrados incidentes em várias cidades, como Paris, onde 138 pessoas foram detidas. Em Rennes (oeste), a porta de uma delegacia foi incendiada e, em Marselha (sudeste), a estação de trem foi invadida.
As centrais sindicais, pontas de lança do protesto desde janeiro, já convocaram uma "mobilização excepcional" no dia 1º de maio, por ocasião do Dia Internacional do Trabalhador, para protestar contra a reforma.