Um total de 85,7% dos cidadãos de El Salvador se sentem seguros com o regime de exceção, em vigor há um ano e que concedeu poderes especiais ao governo para combater os grupos criminosos violentos, aponta uma pesquisa divulgada nesta terça-feira (28).
O estudo foi feito pelo Instituto de Opinião Pública da jesuíta Universidade Centro-Americana (UCA). Outros 10,3% se declararam "nem seguros, nem inseguros", e 4%, "inseguros".
O regime de exceção completou um ano nesta segunda-feira e permite prisões sem mandado judicial. Ele foi instaurado pelo Congresso a pedido do presidente Nayib Bukele, em resposta a uma escalada de homicídios que tirou a vida de 87 pessoas.
Desde então, foram presas 66.417 pessoas acusadas de participação em grupos criminosos, segundo cifras oficiais, mas os métodos de Bukele foram criticados pela ONU, Igreja Católica e por órgãos de defesa dos direitos humanos.
Um total de 27,7% das pessoas consultadas apontaram como "principal conquista" do regime de exceção o aumento da segurança: 17,5% afirmaram que "não se vê mais bandidos", 17,4% destacaram "a redução da criminalidade" e 14,6% mencionaram que "se pode circular livremente" pelas ruas.
A ONU expressou hoje preocupação com a situação dos direitos humanos em El Salvador e receio de que a repressão às gangues tenha levado a prisões arbitrárias.
"Autoridades tomaram várias medidas que levantam sérias preocupações em matéria de direitos humanos", declarou Marta Hurtado, porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos. Esta preocupação se soma às de órgãos de defesa dos direitos humanos e da Igreja Católica.
A pesquisa da UCA tem margem de erro de 2,75%, foi realizada entre os dias 10 e 21 deste mês e ouviu 1.271 pessoas em todo o país.
* AFP