O presidente dominicano, Luis Abinader, defendeu nesta segunda-feira (27) sua política sobre o Haiti, alvo de críticas pelas mais de 170 mil deportações e pela construção de um muro na fronteira entre os dois países.
"Nunca antes um governo fez tanto para proteger a integridade da República Dominicana ao longo de sua fronteira, nem demonstrou tanta firmeza em nossa política de imigração, em linha com os direitos humanos, mas sem vacilar na hora de aplicá-la", declarou o presidente em sua mensagem anual ao Parlamento.
Desde que chegou ao poder em 2020, Abinader endureceu a política de imigração em relação ao Haiti, país com o qual a República Dominicana divide a ilha Hispaniola e uma longa relação temperada com rancor e desconfiança.
Abinader apresentou como "objetivo estratégico" a construção desse muro ao longo dos 380 km de fronteira compartilhada. "Durante o último ano de 2022 foi iniciada a construção de 54 quilômetros, nas áreas de maior população, que ficaram prontos no próximo mês de maio", anunciou.
As autoridades também ordenaram incursões contínuas para capturar migrantes, incluindo mulheres grávidas. Abinader destacou que no ano passado "foram realizadas 171.000 deportações em comparação com as 85.000 realizadas em 2021, o que representa um aumento de 102%".
O Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, questionou em 10 de fevereiro a deportação em massa de migrantes haitianos, bem como o tratamento "humilhante" que muitos recebem.
A migração para a República Dominicana se multiplicou em meio à prolongada crise política e econômica sofrida pelo Haiti, nação mais pobre das Américas, agravada pelo assassinato do presidente Jovenel Moïse em julho de 2021 e pelo aumento da violência das gangues.
"Não há e não haverá solução dominicana para os problemas do Haiti", insistiu Abinader. "Os problemas do Haiti devem ser resolvidos no Haiti, por meio de uma fórmula de responsabilidade compartilhada, que não exclua os haitianos, mas que garanta o compromisso de quem mais deve e pode entre os países mais desenvolvidos".
* AFP