O governo paquistanês pedirá ao líder supremo dos talibãs do Afeganistão que controle os militantes deste movimento no Paquistão depois que um ataque suicida matou mais de 80 pessoas em uma sede da polícia, disseram as autoridades neste sábado.
Desde que os talibãs voltaram ao poder no Afeganistão, o Paquistão tem registrado um aumento de ataques nas regiões que fazem fronteira com o país.
Investigadores acusaram os talibãs paquistaneses do grupo Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP), o mais conhecido da região, pela explosão de uma mesquita na sede da polícia de Peshawar que matou 84 pessoas na segunda-feira (30).
Os talibãs paquistaneses compartilham ideais com os talibãs afegãos, liderado por Hibatullah Akhundzada, que governa o país de um local secreto na cidade de Kandahar, no sul.
O assessor especial do primeiro-ministro paquistanês Shehbaz Sharif, Faisal Karim Kundi, disse que enviará delegações a Teerã e Cabul para "pedir a eles que garantam que seu território não seja usado por terroristas contra o Paquistão".
Um policial paquistanês de alto escalão da província de Khyber Pakhtunkhwa, onde ocorreu o ataque de segunda-feira, disse à AFP que a delegação manterá "diálogos com o líder".
"Quando dizemos líder, queremos dizer (...) o líder dos talibãs afegãos Hibatullah Akhundzada", disse ele, pedindo anonimato.
A AFP contatou autoridades afegãs, entretanto, não obteve nenhuma declaração.
Na quarta-feira, no entanto, o ministro talibã das Relações Exteriores do Afeganistão, Amir Khan Mutaqi, alertou que o Paquistão não deveria "culpar os outros".
"Eles deveriam ver os problemas que têm em casa", disse Khan Mutaqi. "Eles não deveriam culpar o Afeganistão."
Durante os 20 anos de intervenção dos Estados Unidos no Afeganistão, o Paquistão foi acusado de oferecer proteção aos talibãs afegãos, apesar de Islamabad ter reafirmado, oficialmente, sua aliança militar com os Estados Unidos.
Entretanto, desde que o movimento ultraconservador voltou ao poder em 2021 na capital do Afeganistão, as relações com o Paquistão pioraram, em parte por causa do ressurgimento do grupo Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP).
* AFP