Quarenta dias depois de assumir o poder, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reúne-se na tarde desta sexta-feira (10) com o líder da maior potência militar e econômica do planeta. Às 15h30min (17h30min em Brasília), o brasileiro ingressará na Casa Branca, em Washington, onde será recebido pelo democrata Joe Biden por uma hora.
A história das relações entre Brasil e Estados Unidos completará 200 anos em 2024. Mas os elos atuais entre as agendas políticas e econômicas precisam, na visão dos dois governos, ser reforçadas.
Nas palavras de um diplomata brasileiro, as relações entre os dois países ficaram, durante os dois últimos anos do mandato de Jair Bolsonaro, em "banho-maria". O ex-presidente era aliado incondicional de Donald Trump, derrotado nas eleições americanas de 2020. Ao assumir, em 2019, Bolsonaro estabeleceu uma relação carnal, automática, com o governo do republicano, a quem admira. Com a ascensão de Biden, do Partido Democrata, os dois governos se afastaram.
As experiências comuns de Lula e Biden, que tiveram suas vitórias nas urnas contestadas, sem provas, pelos rivais, colocam os dois líderes na mesma batida da defesa da democracia. Esse será o assunto número 1 da reunião entre os presidentes no Salão Oval, o gabinete presidencial e local mais exclusivo da Casa Branca. Estados Unidos e Brasil também sofreram, em 6 de janeiro de 2021 e em 8 de janeiro de 2023, respectivamente, ataques à democracia e às instituições.
No Salão Oval, Lula e Biden estarão acompanhados apenas do chanceler Mauro Vieira, do assessor especial Celso Amorim, do secretário de Estado americano, Antony Blinken, e do conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, além dos intérpretes.
A pauta do encontro privado está bastante aberta, segundo o Itamaraty. Há grandes temas que aparecerão como prioritários na conversa: além do reforço da democracia, que ambos os presidentes veem como uma necessidade global, Lula pretende se colocar como parceiro nas questões da proteção do meio ambiente e combate ao aquecimento global, direitos humanos, parceria comercial, segurança alimentar e energética, guerra na Ucrânia e a situação dos brasileiros nos EUA, comunidade integrada por mais de 2 milhões de pessoas.
A viagem tem caráter diferenciado em relação a outros encontros, na visão de diplomatas. Normalmente, essas reuniões, tratadas como de alto nível, são preparadas com meses de antecedência. E, quando os presidentes apertam as mãos, geralmente há acordos já alinhavados à espera apenas da assinatura dos líderes. Não é o caso dessa. Por ocorrer logo no início do mandato do brasileiro, não haverá acertos previstos. Trata-se, sobretudo, de uma visita de cortesia e sinalização política. Os EUA são o segundo principal destino das exportações brasileiras, e os americanos os maiores investidores no Brasil.
Após o encontro privado, Lula e Biden deixarão o Salão Oval para uma reunião ampliada, no Cabinet Room, com os ministros que integram a delegação brasileira — Fernando Haddad, da Fazenda, Marina Silva, do Meio Ambiente e Mudança Climática, Anielle Franco, da Igualdade Racial, além do chanceler Mauro Vieira, de Amorim, do secretário executivo do Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Márcio Elias Rosa, e do líder do governo no Senado, senador Jaques Wagner. Os secretários americanos dessas áreas também estarão presentes.
O avião da Força Aérea Brasileira (FAB) com a comitiva pousou às 16h15min (18h15min) de quinta-feira (9) na Base Aérea de Andrews, nos arredores da capital americana. Lula e a delegação se deslocaram para a Blair House, residência de hóspedes do governo americano, que fica ao lado da Casa Branca. Não havia agenda prevista para a noite.
Para a manhã desta sexta-feira (10), estão confirmados encontros com o senador Bernie Sanders, da ala mais à esquerda do Partido Democrata; com deputados da legenda de Biden, e com representantes da Federação Americana de Trabalho e Congresso de Organizações Industriais. A delegação retorna ao Brasil no sábado (11).
Confira a agenda do presidente Lula nos Estados Unidos
Horários de Brasília
- 12h30min - Audiência com o Senador Bernie Sanders (Blair House)
- 13h15min - Audiência com Deputados do Partido Democrata (Blair House)
- 14h - Encontro com representantes da Federação Americana de Trabalho e Congresso de Organizações Industriais (Blair House)
- 17h30min - Reunião com o Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden (Casa Branca – Salão Oval)
- 19h30min - Coletiva de imprensa