Na última quinta-feira (2), um balão chinês apareceu no céu do Estado de Montana, nos Estados Unidos. Dois dias depois, no sábado (4), o artefato foi derrubado no mar. Imagens divulgadas pelo governo norte-americano nesta terça-feira (7) mostram marinheiros recuperando destroços do misterioso balão chinês na costa da Carolina do Sul. As fotos foram feitas no domingo (5), um dia depois de o balão ter sido abatido por um míssil disparado por um caça estadunidense.
Segundo o governo americano, o balão era do tamanho de três ônibus escolares e se moveu para o leste do país a uma altitude de cerca de 60 mil pés (18.600 metros).
Os dois países já apresentaram suas versões sobre o ocorrido. Enquanto os EUA acreditam que era um balão de espionagem, a China alega ser um instrumento meteorológico que desviou da sua rota e viajou até o território americano.
— As equipes mobilizadas na costa da Carolina do Sul resgataram alguns detritos da superfície do mar — informou John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional americano, acrescentando que as condições meteorológicas não permitiram realizar operações submarinas para um resgate maior.
Segundo Kirby, os Estados Unidos não têm intenção ou planos de devolver os restos às autoridades chinesas.
— Uma embarcação da Marinha americana inspeciona a área onde caíram os restos do balão, que transportava uma espécie de cesta de mais de uma tonelada — disse o general Glen VanHerck, chefe do Comando de Defesa Aeroespacial da América do Norte (Norad).
Republicanos criticam o democrata e presidente estadunidense Joe Biden por ter, segundo eles, demorado para derrubar o dispositivo. Kirby explicou que o atraso ocorreu por se tratar de uma oportunidade para examinar o balão, e disse esperar que os restos tragam mais informações.
— Os Estados Unidos tomaram medidas para minimizar a capacidade de coletar (dados) sobre nossos sítios militares sensíveis, a que o balão teria tido acesso. O governo entrou em contato com funcionários importantes da administração anterior para obter informações sobre os sobrevoos de balões chineses que aconteceram durante o governo de Donald Trump — declarou o porta-voz.
O ocorrido não parece ter surpreendido Joe Biden.
— A questão do balão e a tentativa de espionagem dos Estados Unidos é algo que se espera da China. Não se trata de confiar na China, e sim de decidir em que podemos trabalhar juntos e em que divergimos — pontuou o presidente.
Balões chineses sobrevoaram o território americano em três ocasiões, por breves períodos, durante a presidência de Trump, e uma vez, também brevemente, no começo do mandato de Joe Biden, afirma o Pentágono.
Desde que o balão foi derrubado, os Estados Unidos estiveram em contato com autoridades chinesas, afirmou o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, mas não falou-se em remarcar a viagem à China do chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, adiada devido ao incidente.
O governo Biden também está em contato com aliados para atualizá-los sobre o que sabe em relação ao balão.