Os nigerianos escolherão um sucessor para o presidente Muhammadu Buhari no sábado (25), em uma disputa com três favoritos para liderar o país mais populoso da África e o maior produtor de petróleo do continente pelos próximos quatro anos.
Muitos nigerianos clamam por mudanças, depois de oito anos sob o governo de Buhari, para enfrentar muitos desafios difíceis, incluindo ataques de grupos jihadistas e separatistas, uma economia fraca e o aumento da pobreza.
As eleições de 25 de fevereiro serão acompanhadas com atenção fora da Nigéria, depois dos golpes de Estado no Mali e em Burkina Faso que colocaram em xeque a democracia na África Ocidental e da expansão de grupos armados islâmicos no Golfo da Guiné.
A megalópole Lagos, principal cidade do país, deu visibilidade à Nigéria como sede de Nollywood, segunda maior indústria cinematográfica do mundo, e da Afrobeats, produtora musical de ícones globais como Burna Boy e Wizkid.
Mas quem suceder Buhari terá de lidar rapidamente com os graves problemas de segurança e financeiros deste país de 216 milhões de habitantes.
O Congresso de Todos os Progressistas (APC), partido de Buhari, tem como candidato à sucessão Bola Tinubu, de 70 anos, apelidado de "o padrinho" por sua enorme influência política. Ele enfatiza seu mandato como governador de Lagos e afirma que chegou a sua vez.
O Partido Democrático Popular (PDP) apresenta a candidatura do ex-vice-presidente (1999-2007) Atiku Abubakar, de 76 anos, que tentará pela sexta vez chegar ao posto de chefe de Estado. Ele afirma que sua sagacidade no mundo empresarial lhe permitirá "salvar" a Nigéria.
Mas o tradicional domínio dos dois partidos na política nigeriana está ameaçado por um terceiro candidato, Peter Obi, de 61 anos, do Partido Trabalhista (PL), ex-governador de Anambra (sudeste) que, com suas promessas de mudança, conquistou grande popularidade entre os jovens urbanos.
Sua irrupção pode levar a um segundo turno eleitoral, pela primeira vez desde o fim do regime militar em 1999.
Outro fator com consequências políticas imprevisíveis vem da falta de liquidez bancária, devido à decisão do banco central de substituir a moeda nigeriana, o naira, por uma nova, para tentar conter a corrupção e a inflação.
Essa medida deixou muitos nigerianos sem meios para fazer compras ou usar o transporte público e alimentou o descontentamento com o governo de Buhari. O bloqueio do dinheiro provocou longas filas em frente a bancos e tumultos em várias cidades e dividiu o APC.
Alguns dirigentes do partido no poder chegaram a ver a mudança da moeda poucos dias antes das eleições como uma manobra para enfraquecer seu candidato.
"Não sei o que está acontecendo neste país", disse Mohammed Badawa, um empresário que tentava sacar dinheiro na cidade de Kano, no norte. "Agora é só aturar isso e votar em um novo governo", acrescentou.
As eleições na Nigéria são frequentemente abaladas por episódios de violência, tensões políticas e étnicas e problemas logísticos.
Em 2019, a Comissão Nacional Eleitoral Independente (INEC) adiou as eleições por uma semana, poucas horas antes da abertura dos postos de votação.
A direção do INEC, no entanto, garantiu que as eleições serão realizadas na data prevista.
Um total de 93,5 milhões de pessoas estão registradas para votar nestas eleições, nas quais também serão eleitos deputados e senadores.
As urnas abrirão às 8h30 locais (4h30 no horário de Brasília) e fecharão às 14h30 (10h30 em Brasília).
* AFP