Pelo menos 25 pessoas morreram na cidade de Dnipro, na Ucrânia, após um bombardeio russo no final da tarde deste sábado, 14, de acordo com as autoridades ucranianas. Trata-se de um dos ataques com mais vítimas civis em toda a guerra, iniciada há quase um ano. Mais de 70 pessoas ficaram feridas e outras 40 seguem desaparecidas.
O bombardeio atingiu um edifício residencial da cidade, localizada no leste da Ucrânia, e foi feito em conjunto com outros ataques russos em toda a Ucrânia em meio às comemorações do Ano Novo ortodoxo. Equipes de resgate fazem buscas nos escombros desde a madrugada e pelo menos uma mulher foi resgatada com vida.
Segundo as autoridades ucranianas, pelo menos 400 pessoas viviam no prédio atingido. Ao todo, 72 apartamentos foram destruídos no ataque.
O ataque ao prédio é um de uma série de ataques devastadores em larga escala em áreas residenciais da Ucrânia desde que a guerra começou, em 24 de fevereiro do ano passado. Ataques a alvos como estações de trem, shoppings e bairros residenciais levaram a uma perda significativa de vidas civis, enquanto o bombardeio de cidades e vilas perto da linha de frente também causou um número crescente de mortes de civis.
De acordo com o direito internacional, é um crime de guerra atacar deliberada ou imprudentemente populações civis e lugares onde os civis provavelmente se reuniriam.
Imediatamente após o ataque ao prédio, agências de notícias pró-russas e influentes blogueiros militares argumentaram que o edifício foi atingido por fragmentos do míssil após as defesas aéreas ucranianas tentarem interceptá-lo. As forças ucranianas desmentiram e afirmam que se tratou de um ataque direto. "As Forças Armadas da Ucrânia não têm armas capazes de derrubar esse tipo de míssil", disse a vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Maliar.
O míssil disparado contra o prédio foi o míssil de cruzeiro Kh-22, também conhecido como míssil X-22. Segundo Maliar, desde o início da guerra mais de 210 mísseis desse tipo foram usados em ataque ao território ucraniano.
Depois dos novos bombardeios neste sábado, grande parte das regiões da Ucrânia registraram quedas de energia por danos causados contra as instalações elétricas. "É possível parar o terror russo? Sim, é possível. Isso pode ser feito de outra forma que não seja no campo de batalha na Ucrânia? Infelizmente, não", disse o presidente ucraniano Volodmir Zelenski.
Dinâmica positiva, diz Putin
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse neste domingo que a campanha militar russa segue uma "dinâmica positiva" após anunciar na sexta-feira, 13, a captura da cidade de Soledar, também no leste. "A dinâmica é positiva e tudo está evoluindo de acordo com os planos do Ministério da Defesa e do Estado-Maior. Espero que nossos combatentes nos deem mais alegria com seus resultados militares", disse em entrevista à televisão estatal russa.
A captura da cidade foi apresentada em Moscou como uma vitória após meses de reveses na Ucrânia, em particular a retirada da região de Kharkov no nordeste, e da cidade de Kherson, no sul, pelo sucesso das contraofensivas ucranianas. A Ucrânia, no entanto, nega que tenha perdido o controle de Soledar.
De acordo com o exército russo, a conquista de Soledar, onde há enormes galpões que permitiriam armazenar equipamentos militares e se infiltrar atrás das linhas inimigas, é uma etapa importante para cercar a cidade vizinha de Bakhmut, que Moscou tenta conquistar há meses.
Tanques do Reino Unido
Mais uma vez, Zelenski reforçou o pedido de mais armas para a Ucrânia. No sábado, o Reino Unido prometeu fornecer 14 tanques de guerra Challenger 2 nas próximas semanas. O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, disse a Zelenski que a entrega reflete "o compromisso do Reino Unido em intensificar o apoio à Ucrânia".
O Reino Unido se tornou o primeiro país a enviar esse tipo de tanque para a Ucrânia. Zelenski saudou a decisão de Londres e disse que ela não é apenas um reforço no campo de batalha, mas também um recado para outros países aliados.
A Rússia reagiu ao anúncio garantindo que a decisão apenas intensificará o conflito. "Irá gerar mais vítimas, inclusive entre a população civil".
(Com agências internacionais)