Uma delegação do governo etíope visitou, nesta segunda-feira (26), a capital da região rebelde do Tigré, Mekele, pela primeira vez em mais de dois anos e após o acordo de paz assinado em novembro.
O grupo, constituído por autoridades do alto escalão, chegou a Mekele para "supervisionar a aplicação dos principais pontos do acordo de paz" assinado em Pretória, na África do Sul, anunciou o governo em um comunicado.
A delegação foi recebida pelas autoridades regionais rebeldes, incluindo seu porta-voz, Getachew Reda, segundo fotos publicadas pela imprensa em Tigré.
Para o governo federal, esta visita "é a prova de que o acordo de paz está no caminho certo e avançando".
As partes assinaram um acordo em 2 de novembro para encerrar uma guerra de dois anos nesta região do norte da Etiópia.
O conflito começou em 2020, quando o primeiro-ministro Abiy Ahmed enviou o exército para remover as autoridades regionais que questionavam sua autoridade e a quem ele acusou de atacar bases militares.
O acordo de paz prevê o desarmamento das forças rebeldes, a restauração da autoridade federal no Tigré e a reabertura da região, que está isolada do resto do país há mais de um ano.
A delegação inclui o assessor responsável pela Segurança Nacional, Redwan Hussein, vários ministros (Justiça, Transportes e Comunicações, Indústria, Trabalho), o presidente da Câmara dos Deputados, o diretor-geral da autoridade responsável pelas infraestruturas e diretores de empresas como Ethiopian Airlines e Ethio Telecom.
Os combates cessaram desde o acordo de paz e os rebeldes afirmam ter "retirado" 65% de seus combatentes.
No entanto, denunciam a presença do exército da Eritreia, país vizinho, bem como das forças de segurança e milícias da região etíope de Amhara. Ambos apoiaram o exército federal no conflito.
A violência provocou dezenas de milhares de mortes e mergulhou a região em uma profunda crise humanitária.
Segundo dados da ONU, a guerra provocou o deslocamento de dois milhões de etíopes e deixou centenas de milhares à beira da fome.
* AFP