Um tribunal do Chade impôs sentenças de 2 a 3 anos de prisão para 262 pessoas presas durante protestos contra o governo reprimidos violentamente.
O julgamento ocorreu a portas fechadas em uma prisão de segurança máxima sem advogados, ou imprensa independente.
Outras 80 pessoas, de um total de 401 julgadas, foram condenadas a penas de entre um e dois anos de prisão com suspensão condicional da pena, e 59 foram absolvidas, anunciou o procurador da República de Djamena, Moussa Wade Djibrine, nesta segunda-feira (5).
O julgamento, que durou quatro dias, foi realizado na prisão de Koro Toro, no meio do deserto, mais de 600 km a nordeste de Djamena, a capital do Chade. Terminou na sexta-feira (2), mas o veredicto foi anunciado apenas hoje.
Em 20 de outubro, cerca de 50 manifestantes - em sua maioria jovens - morreram em Djamena, quando as forças de segurança abriram fogo contra os participantes dos protestos.
Neste dia, milhares de pessoas, convocadas pela oposição, protestaram em todo país contra a extensão, por dois anos, do período de transição política, assim como contra a permanência do general Mahamat Idriss Deby Itno no poder.
O general Deby, de 38 anos, assumiu o poder em abril de 2021, depois que seu pai, Idriss Deby Itno, morreu em uma operação contra rebeldes. Ele dirigiu o país com mão de ferro por três décadas.
As pessoas condenadas na sexta-feira (2) foram declaradas culpadas por "manifestação não autorizada, destruição de bens, incêndio voluntário, violência, agressões e alteração da ordem pública", segundo o procurador.
A ONG Anistia Internacional denunciou "um julgamento que gera sérias preocupações sobre o direito a um julgamento justo (...), direito de defesa (...), direito a um julgamento público (...) e direito à informação".
* AFP