Homens não identificados atacaram, nesta segunda-feira (12), um hotel frequentado por visitantes chineses na capital afegã, Cabul, em um assalto que deixou pelo menos três mortos e 18 feridos e várias explosões e disparos foram ouvidos.
"Até o momento, recebemos 21 vítimas: três já chegaram mortas", tuitou a Emergency, uma ONG italiana que opera um hospital em Cabul. A organização não informou se eram civis, ou os responsáveis pelo ataque.
Um porta-voz da polícia de Cabul disse à imprensa que o ataque foi cometido por "elementos mal-intencionados".
"As forças de segurança chegaram à área", declarou o porta-voz em um grupo de WhatsApp.
"Todos os clientes do hotel foram resgatados, e não morreu nenhum estrangeiro. Apenas dois clientes estrangeiros ficaram feridos, ao se jogarem de um andar superior", disse no Twitter o porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujahid.
O ataque aconteceu no bairro de Shahr-e-naw, uma das principais áreas comerciais da capital. O bairro abriga o Hotel Longan de Cabul, frequentado por empresários chineses. Eles têm viajado cada vez mais ao Afeganistão desde a volta dos talibãs ao poder em agosto de 2021.
Correspondentes da AFP que estavam perto do local ouviram várias explosões e tiros. Alguns jornais locais relataram informações similares. Um vídeo que circulou nas redes sociais mostrava pessoas amontoadas nas janelas dos andares inferiores do prédio. Em outra gravação, chamas e colunas de fumaça podiam ser vistas, saindo de outra parte do imóvel.
Pequim não reconheceu o governo talibã oficialmente, mas é um dos poucos países a manter presença diplomática no país. A China compartilha uma fronteira de 76 quilômetros com o Afeganistão e teme que o país possa se tornar uma base para separatistas da minoria uigur, originária da sensível região fronteiriça de Xinjiang.
Os talibãs prometeram, no entanto, que o Afeganistão não seria usado como base para ativistas uigures. Em troca, a China ofereceu apoio econômico para a reconstrução do país.
- Atentados em série -
A principal preocupação de Pequim é manter um ambiente estável no Afeganistão, após duas décadas de guerra. A China busca garantir segurança em suas fronteiras e investimentos estratégicos no Paquistão, seu vizinho comum.
Os talibãs também contam com a China para transformar uma das maiores reservas de cobre do mundo em uma área de mineração. A exploração ajudaria a ajustar os rumos de um país com falta de liquidez e castigado por sanções econômicas internacionais.
A China detém os direitos de importantes projetos no Afeganistão, como a mina de cobre de Mes Aynak, na província de Logar (leste). Porém, ainda não iniciou nenhum deles.
Desde seu retorno ao poder, os talibãs afirmam que melhoraram a segurança no país, apesar do número de atentados cometidos nos últimos meses. Vários deles foram reivindicados pelo braço local do grupo extremista Estado Islâmico.
Não é a primeira vez que estrangeiros são alvo no país. Em 2 de dezembro, uma agente de segurança ficou ferida, após vários disparos contra a embaixada do Paquistão em Cabul. O EI, que assumiu a autoria do ataque, confirmou que mirava no "embaixador paquistanês e em seus guardas".
Em 5 de setembro, dois funcionários da embaixada russa em Cabul e quatro afegãos também morreram perto do prédio, em um atentado suicida também reivindicado pelo braço local do EI. Foi o primeiro ataque contra uma representação diplomática desde a volta dos extremistas ao poder.
* AFP