O líder da oposição malaia, Anwar Ibrahim, afirmou neste domingo (noite de sábado, 19, no Brasil) ter reunido assentos suficientes para formar um governo, o que poderia abrir o caminho para se tornar primeiro-ministro após eleições muito disputadas.
No entanto, o ex-premiê Muhyiddin Yassin, que lidera a coalizão adversária Perikatan Nasional (Aliança Nacional), disse que também estava em conversas para formar o próximo governo após as eleições de sábado.
Nas eleições, convocadas dez meses antes do previsto, quatro coalizões se enfrentaram. Se nenhuma obtiver maioria clara, os analistas consideram que o país vai enfrentar maior instabilidade política.
"Temos agora a maioria para formar um governo", assegurou Anwar, de 75 anos, durante uma coletiva de imprensa após horas de negociações. "A maioria significa mais de 111", acrescentou, sem dar detalhes dos nomes de quem poderia se aliar a ele.
Após a contagem dos 219 assentos parlamentares em disputa, a coalizão Pakatan Harapan (Aliança da Esperança) de Anwar obteve 82 por 73 da de Muhyiddin, segundo os resultados oficiais.
A coalizão no poder, Barisan National - dominada pel partido Organização Nacional de Malaios Unidos (UMNO), do ex-dirigente preso Najib Razak e encabeçada pelo ex-ministro do Interior, Ahmand Zahid Hamidi - ficou muito atrás, com 30 assentos.
Os partidos regionais menores serão chave para formar coalizões. Supunha-se que haveria 222 assentos em jogo, mas dois candidatos morreram e a votação foi suspensa em um distrito por causa das más condições meteorológicas.
"Estamos dispostos a trabalhar com qualquer partido", disse Muhyiddin à imprensa. Segundo Anwar, é "impossível" que o bloco de Muhyiddin consiga formar uma maioria.
A Malásia, um país multiétnico, é a terceira economia do Sudeste asiático.
- Alta participação -
Em todo o país foram registradas longas filas para votar, apesar do temor de que as chuvas de menção pudessem afetar a participação.
A Comissão Eleitoral disse que a participação foi de 70% às 16h locais (05h de Brasília), duas horas antes do fechamento das seções.
A Organização Nacional de Malaios Unidos (UMNO) costuma dominar a política neste país do sudeste asiático, que sofre com a alta de preços dos alimentos.
No entanto, sofreu uma derrota nas eleições gerais de 2018, após um enorme escândalo de corrupção do fundo estatal 1MDB.
Bilhões de dólares em fundos estatais foram desviados a propriedades em Beverly Hills, um super-iate, um filme de Hollywood e para contas bancárias do ex-primeiro-ministro Najib, que cumpre pena de 12 anos de prisão.
Mas os dois governos que sucederam o UMNO foram afetados por disputas internas, permitindo ao partido voltar ao poder no ano passado.
* AFP