O presidente russo, Vladimir Putin, acusou neste domingo (9) os serviços secretos ucranianos de terem causado a explosão que destruiu parcialmente a ponte que liga a Rússia à Crimeia, anexada por Moscou em 2014. Em vídeo divulgado pelo governo russo, Putin descreveu o incidente como um "ato terrorista":
— Os autores, os executores e os patrocinadores são os serviços secretos ucranianos — acusou Putin, Durante uma reunião com o chefe do Comitê de Investigação da Rússia. — Não há dúvida de que este é um ato terrorista para destruir uma infraestrutura civil russa que é de grande importância — acrescentou.
Segundo investigadores, a explosão deixou três mortos: o motorista do caminhão que causou a explosão e outras duas pessoas, um homem e uma mulher, que estavam dirigindo um veículo próximo à explosão.
O exército ucraniano e os serviços especiais (SBU) de Kiev não confirmaram nem negaram seu envolvimento na ação, e o presidente Volodimir Zelensky apenas ironizou em um vídeo sobre o clima "nublado" no sábado na Crimeia - uma provável alusão à fumaça da explosão. A Ucrânia, porém, ameaçou várias vezes atingir esta ponte símbolo da anexação da Crimeia, que também é usada para abastecer as tropas russas no país.
Após o ocorrido, Moscou realizou bombardeios noturnos na cidade ucraniana de Zaporizhia, matando pelo menos 17 pessoas. O governo russo anunciou que o presidente convocou o Conselho de Segurança para uma reunião nesta próxima segunda-feira (10).
Rússia enfrenta reveses
O Exército russo, que sofreu vários reveses militares e enfrenta dificuldades na frente de Kherson, no sul da Ucrânia, disse no sábado que o fornecimento de tropas não foi ameaçado. Desde o início de setembro, as forças russas foram forçadas a recuar em várias frentes. Em particular, tiveram que se retirar da região de Kharkiv e recuar em Kherson.
Diante de um exército ucraniano galvanizado, reforçado por suprimentos de armas ocidentais, Putin ordenou no final de setembro a mobilização de centenas de milhares de reservistas e a anexação de quatro regiões ucranianas, embora os russos as controlem apenas parcialmente.
Em um sinal de descontentamento nos altos escalões com a condução das operações, o governo russo nomeou no sábado (8) um novo chefe para liderar sua "operação militar especial" na Ucrânia, o general Sergei Surovikin, de 55 anos.