O plano de erradicação da poliomielite arrecadou, nesta terça-feira (18), promessas de doação de 2,6 bilhões de dólares, pouco mais da metade do que é considerado necessário para livrar o planeta desse flagelo, anunciou a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Este dinheiro, que deve ajudar a financiar a Iniciativa Global de Erradicação da Poliomielite (GPEI) para o período de 2020-2026, "ajudará a superar os obstáculos restantes à erradicação da pólio, vacinar 370 milhões de crianças nos próximos 5 anos e continuar a fornecer uma rede de vigilância da doença em 50 países", ressalta um comunicado de imprensa da OMS.
A Fundação Bill e Melinda Gates sozinha doou US$ 1,2 bilhão para a iniciativa, ou seja, um quarto dos US$ 4,8 bilhões considerados necessários para erradicar completamente a doença.
"Nenhum lugar será seguro até que a poliomielite seja erradicada em todos os lugares. Enquanto o vírus ainda existir em algum lugar do mundo, ele pode se espalhar - inclusive em nosso próprio país. Agora temos uma chance realista de erradicar completamente a poliomielite e queremos aproveitar essa chance juntos", declarou Svenja Schulze, a ministra da Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha, na Cúpula Mundial da Saúde em Berlim.
Graças a uma vacina que existe há muito tempo, o Paquistão e o Afeganistão são os dois únicos países onde o poliovírus selvagem, a forma mais conhecida do vírus, permanece endêmico. Mais dois países africanos, Malawi e Moçambique, também detectaram casos de pólio selvagem importados para seu território em 2022.
Mas as autoridades de saúde estão muito preocupadas com o aparecimento de casos ligados às lacunas na cobertura vacinal, como foi o caso recentemente nos Estados Unidos ou no Reino Unido devido ao ceticismo de um número crescente de pessoas em relação às vacinas.
"A detecção de novos casos de poliomielite este ano em países anteriormente livres da doença nos lembra que, se não atingirmos nosso objetivo de eliminar a poliomielite em todos os lugares, ela poderá ressurgir", alertou o Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.
A doença altamente contagiosa que invade o sistema nervoso e pode causar paralisia permanente, afeta mais comumente crianças menores de cinco anos. Mas qualquer pessoa que não foi vacinada pode contrair a doença.
Desde o seu lançamento em 1988, a Iniciativa ajudou a reduzir os casos de pólio em mais de 99% em todo o mundo.
O GPEI, além da OMS, inclui, entre outros, o Unicef, o Rotary International e os Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos. É financiado por parceiros públicos, privados e bancos de desenvolvimento.
* AFP