O exército russo anunciou nesta terça-feira (13) "ataques em larga escala" em todas as frentes em reação à contraofensiva das tropas ucranianas, que o Kremlin acusa de abusos nas áreas recapturadas, enquanto Kiev atribui "até 200 crimes de guerra por dia" a soldados russos.
Até o momento, os bombardeios russos mataram oito pessoas e feriram 19 em 24 horas, nas regiões de Kharkiv (Nordeste) e Donetsk (Leste), informou a presidência ucraniana.
"A Ucrânia registra até 200 crimes de guerra cometidos todos os dias pelos russos em seu território", assegurou o exército do país invadido, acrescentando que "mais de 70 mil quilômetros quadrados em 10 regiões ucranianas foram minados" pelos ocupantes.
Por sua vez, a Rússia alegou que os militares ucranianos executam duras represálias contra civis nos lugares que reconquistaram nos últimos dias.
— De acordo com nossas informações, há muitas ações punitivas contra os habitantes da região de Kharkiv, as pessoas são torturadas, maltratadas — disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, acrescentando:
— É revoltante.
"Ataques"
"As forças aéreas, balísticas e de artilharia russas estão realizando ataques em larga escala contra unidades das Forças Armadas ucranianas em todas as áreas operacionais", anunciou o Ministério da Defesa da Rússia nesta terça-feira.
Em particular, mencionou bombardeios perto de Sloviansk, Konstantinivka e Bakhmut no leste da Ucrânia, bem como nas regiões de Mykolaiv e Zaporizhzhia, no sul, e Kharkiv, de onde os soldados russos se retiraram quase completamente diante dos avanços ucranianos.
"A ofensiva russa iniciada em 24 de fevereiro continuará até que os objetivos sejam alcançados", insistiu o Kremlin, segundo o qual não há atualmente "nenhuma perspectiva de negociações".
A Ucrânia declarou na segunda-feira (12) novos sucessos militares, alegando ter alcançado a fronteira russa e restabelecido seu controle sobre o equivalente a sete vezes a área de Kiev em um mês. O exército ucraniano primeiro anunciou uma contraofensiva no Sul, antes de realizar um avanço relâmpago no Nordeste na semana passada.
— No total, desde o início de setembro, nossos soldados já libertaram 6 mil quilômetros quadrados de território ucraniano no Leste e no Sul, um número duas vezes maior do que oficialmente fornecido 24 horas antes — declarou o presidente ucraniano Volodimir Zelensky na segunda-feira à noite.
— E seguiremos em frente — concluiu.
Russos "fogem ou se redistribuem"
Os russos "não conseguem reforçar a nova linha de frente após os ganhos ucranianos no leste de Kharkiv e estão fugindo da área em grande número ou se redistribuindo em outros eixos", observou nesta terça-feira o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), baseado nos Estados Unidos.
"Imagens que circulam nas redes sociais mostram filas de carros se estendendo por quilômetros perto de Stchastia e Stanysya Luganska", nos limites da "República Popular de Lugansk", proclamada unilateralmente em 2014 por separatistas pró-Rússia.
Em toda a frente, o exército ucraniano havia garantido no dia anterior "a expulsão do inimigo de mais de 20 localidades" em 24 horas. Na noite de segunda-feira, o chefe de gabinete da presidência ucraniana, Andriy Yermak, divulgou um vídeo no qual uma voz explica:
— A 14ª brigada mecanizada separada atingiu a fronteira da região de Kharkiv com a Rússia. Esse é o vilarejo de Ternova, localizado a cinco quilômetros da fronteira russa.
— É muito cedo para dizer exatamente onde tudo isso vai nos levar — comentou o ministro das Relações Exteriores dos EUA, Antony Blinken.
Também na região de Kharkiv, a Promotoria ucraniana anunciou na segunda-feira a descoberta de quatro corpos de civis com "sinais de tortura" em Zaliznychne, uma pequena cidade recentemente reconquistada. De acordo com a investigação preliminar, "as vítimas foram mortas pelos militares russos durante a ocupação da localidade". As forças russas têm sido repetidamente acusadas de abusos na Ucrânia.
No nível internacional, a primeira-ministra finlandesa Sanna Marin pediu nesta terça-feira a unidade da União Europeia e novas sanções contra a Rússia diante de sua "chantagem" energética. Os ministros da Energia europeus se reunirão em 30 de setembro para examinar as medidas de emergência propostas pela comissão para conter o aumento dos preços do gás e da eletricidade causado pela guerra na Ucrânia.