A Rússia bombardeou nesta quinta-feira (18) a região de Kharkiv e matou pelo menos cinco pessoas, poucas horas antes de uma reunião entre o secretário-geral da ONU e os presidentes da Ucrânia e da Turquia para falar sobre o impacto da guerra e possíveis soluções, quase seis meses após o início da invasão russa.
António Guterres, Volodimir Zelensky e Recep Tayyip Erdogan, que se reunirão em Lviv, no oeste do país, discutirão o recente acordo para a exportação de cereais ucranianos, "a necessidade de uma solução política para o conflito" e a segurança da central nuclear de Zaporizhzhia, afirmou o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric.
A Rússia negou que seu exército armazene "armas pesadas" na central nuclear de Zaporizhzhia, no sul da Ucrânia. A usina, a maior da Europa, está ocupada desde março pelos russos e é alvo de bombardeios, o que provoca uma troca de acusações entre Moscou e Kiev sobre a autoria dos ataques.
Em sua mensagem diária, o presidente ucraniano informou que o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, já chegou ao país.
— Vamos trabalhar juntos para conseguir os resultados que a Ucrânia precisa — disse Zelensky.
Guterres terá um encontro bilateral com Zelensky e na sexta-feira (19) visitará Odessa, um dos três portos utilizados no acordo de exportação de cereais, antes de viajar à Turquia para conhecer o Centro de Coordenação Conjunta (CCC) que supervisiona o acordo.
De acordo com a ONU, entre 1º e 15 de agosto foram autorizadas as saídas de 21 navios da Ucrânia com mais de 563 mil toneladas de produtos agrícolas, incluindo mais de 451 mil toneladas de milho.
Os principais destinos dos produtos foram Turquia (26%), Irã (22%) e Coreia do Sul (22%). O primeiro navio humanitário fretado pela ONU, com 23 mil toneladas de trigo, zarpou da Ucrânia na terça-feira com destino ao continente africano, como parte do acordo anunciado em julho com mediação das Nações Unidas e da Turquia.
Risco nuclear
No sul da Ucrânia, a situação continua tensa ao redor da central nuclear de Zaporizhzhia. A Rússia afirmou que não têm armas pesadas no complexo, como acusa a Ucrânia, e que no local "há apenas unidades responsáveis pela segurança".
Moscou acusou Kiev de planejar uma "provocação" na central para coincidir com a visita à Ucrânia do secretário-geral da ONU. Rússia e Ucrânia trocam acusações desde o fim de julho sobre os bombardeios na área da central nuclear.
Um bombardeio atingiu um edifício de depósito radioativo e outro provocou a suspensão automática de um reator.
— Ninguém poderia prever que tropas russas disparariam contra os reatores nucleares com tanques. Foi algo sem precedentes — disse o ministro ucraniano do Interior, Denys Monastyrsky, durante uma visita a Zaporizhzhia, cidade localizada a 50 quilômetros da usina.
— Devemos nos preparar para todos os cenários possíveis — alertou, antes de acusar a Rússia de ser um "Estado terrorista (...) Enquanto a Rússia controlar a usina nuclear de Zaporizhizha haverá grandes riscos".