Dois importantes líderes rebeldes do Chade, no exílio há vários anos, retornaram nesta quinta-feira (18) a N'Djamena, dois dias antes de um diálogo nacional entre a oposição civil e armada e a junta que governa o país.
Os líderes são Timan Eridmi e Mahamat Nouri.
O líder da União das Forças da Resistência (UFR), Timan Erdimi, de 67 anos, morava no Catar há uma década, depois de tentar derrubar seu tio e ex-presidente Idriss Deby Itno em 2008 e depois em 2019.
Erdimi aterrissou de madrugada no aeroporto internacional de N'Djamena, onde foi recebido por quase 50 familiares e simpatizantes.
"Estou muito feliz de voltar para casa após tantos anos no exílio", disse o rebelde de 67 anos.
Um pouco depois, Mahamat Nouri, líder da União das Forças pela Democracia e o Desenvolvimento (UFDD), chegou ao aeroporto da capital do Chade.
Nouri, ex-ministro da Defesa de Idriss Deby, foi investigado na França por "crimes contra a humanidade" pelo suposto recrutamento de crianças-soldados no Chade e no Sudão. Foi preso em Paris em 2019, mas em 2020 foi libertado por motivos de saúde.
Os dois líderes rebeldes participarão a partir de sábado no diálogo que deve resultar em eleições "livres e democráticas", assim como no retorno dos civis ao poder.
O fórum foi anunciado pelo comandante da junta militar, o general Mahamat Idriss Deby, e acontece após a assinatura, em 8 de agosto, de um acordo com 40 grupos opositores para o início de um processo de paz.
O diálogo deve durar três semanas e reunirá 1.400 representantes do governo militar, da sociedade civil, de partidos da oposição, sindicatos e grupos rebeldes.
O novo governante assumiu o o poder no ano passado, depois que seu pai e presidente durante 30 anos morreu durante uma operação militar contra os rebeldes.
- Pouco tempo -
A negociação de paz deveria ter começado em fevereiro, mas foi adiada em diversas ocasiões pelas divergências entre os grupos rebeldes sobre participar ou não no diálogo.
A UFR está entre os 40 grupos rebeldes que assinaram o acordo e decidiram prosseguir com o diálogo.
O grupo rebelde tentou derrubar o governo em 2008 e novamente em 2019, quando enviou uma coluna de guerrilheiros em 50 veículos a partir da Líbia e através do Sudão.
O avanço foi interrompido pelos bombardeios da aviação da França, aliada na força de segurança da região do Sahel a qual às autoridades do Chade pediram ajuda.
Entre os ausentes estão uma importante aliança política e dois dos principais grupos rebeldes, incluindo a Frente pela Alternância e Concórdia no Chade, responsáveis pela ofensiva na qual o ex-presidente Deby foi morto.
Seu filho e sucessor apresentou o diálogo como uma oportunidade de reconciliação em um país fraturado que abre as portas para eleições "livres e democráticas" dentro de 18 meses após a tomada do poder militar.
O vice-presidente do comitê organizador e ex-opositor de Deby pai, Saleh Kebzabo, disse que essa negociação deve facilitar uma nova Constituição que será submetida a referendo.
No entanto, há grandes desafios, a começar pelos prazos. "O cronograma para o diálogo, que deveria ser de 21 dias, não é credível", disse Enric Picco, do International Crisis Group.
Além disso, o prazo de 18 meses proposto pela junta expira em outubro. "Não é possível chegar a um acordo em tão pouco tempo", acrescentou.
* AFP