O presidente do Sri Lanka foi levado nesta segunda-feira (11) a uma base aérea perto do aeroporto internacional da capital Colombo, anunciaram funcionários, o que alimenta a hipótese de uma fuga para o exterior.
Gotabaya Rajapaksa, que no sábado fugiu do palácio presidencial tomado por manifestantes, encontrou refúgio primeiro em instalações da Marinha, antes de ser levado à base aérea de Katunayake, que está localizada no mesmo perímetro que o principal aeroporto do país, Bandaranaike, disse à AFP um alto responsável da Defesa.
A Presidência não informou nesta segunda-feira o paradeiro nem a situação do presidente, mas vários veículos da imprensa local afirmam que ele planeja ir para Dubai.
O presidente, de 73 anos, conseguiu fugir do palácio presidencial no sábado por uma saída secundária. Os manifestantes, que ocupam o prédio há dois dias, encontraram no local 17,85 milhões de rupias (50.000 dólares) em cédulas novas e entregaram a quantia à polícia.
"A polícia recebeu o dinheiro em espécie e o entregará à justiça", afirmou um porta-voz da força de segurança.
Também foi encontrada no palácio presidencial uma mala repleta de documentos, segundo fontes oficiais.
O presidente disse que renunciaria na quarta-feira para permitir uma "transição pacífica".
O primeiro-ministro Ranil Wickremesinghe, também de 73 anos, se tornaria automaticamente presidente interino em caso de renúncia de Rajapaksa, mas afirmou que deixará o cargo se não existir consenso para a formação de um governo de unidade.
O processo para sucessão deve durar entre três dias, prazo mínimo para reunir o Parlamento, e 30, o máximo autorizado pela legislação.
- Negociações -
O principal partido de oposição, Samagi Jana Balavegaya (SJB), negociava nesta segunda-feira com partidos menores para conseguir o apoio necessário a seu líder Sajith Premadasa.
De acordo com um dirigente do SJB, um acordo provisório foi alcançado com os dissidentes do partido SLPP de Rajapaksa para respaldar Premadasa, de 55 anos e filho de um ex-presidente, como novo chefe de Estado. O cargo de primeiro-ministro corresponderia a um integrante do SLPP.
Ex-aliado de Rajapaksa, Dullas Alahapperuma, de 63 anos, pode ser o novo chefe de Governo, afirmou à AFP um deputado do SJB envolvido nas negociações.
Cinco ministros pediram demissão no fim de semana e o gabinete do primeiro-ministro afirmou que o governo chegou a um acordo para renunciar em bloco em caso de acordo para um "governo multipartidário".
Milhares de pessoas permaneciam ocupando nesta segunda-feira prédios oficiais invadidos no fim de semana.
"A reivindicação é muito clara: o povo continua exigindo a renúncia (de Rajapaksa), a renúncia completa, com uma confirmação por escrito", explicou Dela Peiris, um dos manifestantes.
"Espero que tenhamos a renúncia do governo, incluindo o primeiro-ministro e o presidente, nos próximos dias", acrescentou.
Os acontecimentos dramáticos de sábado foram o ponto máximo de uma onda de protestos no país, que fica na costa sul da Índia e enfrenta uma crise política e econômica sem precedentes, que os manifestantes atribuem ao governo do presidente Rajapaksa.
Centenas de milhares de pessoas se reuniram na capital, Colombo, para exigir que Rajapaksa assuma a responsabilidade pela escassez de remédios, alimentos e combustíveis, cenário que levou um país relativamente próspero ao cenário de caos.
Depois de invadir o palácio presidencial, a multidão percorreu os ambientes luxuosos, várias pessoas pularam na piscina e vasculharam o guarda-roupa e os pertences de Rajapaksa.
* AFP