Meta, proprietária do Facebook e Instagram, publicou nesta quinta-feira (14) o primeiro relatório anual sobre medidas para proteger os direitos humanos, em um cenário de frequentes críticas às redes sociais por seu impacto nas liberdades civis e na democracia.
O relatório, que abrange os anos 2020 e 2021, revisa questões como as decisões adotadas por essas redes sociais para combater a desinformação em torno da covid-19.
Também inclui estudos publicados anteriormente, como em relação às eleições americanas e filipinas, e examina a questão da proteção de dados.
"O informe explica como nossa política de dados, nossa equipe de resposta à aplicação da lei e nossas avaliações do devido processo trabalham em conjunto para proteger as pessoas da vigilância governamental ilegal ou excessiva", apontou um comunicado da gigante de Silicon Valley.
A Meta, assim como Google, virou alvo recente de questionamentos de políticos, ONGs e jornalistas em relação à proteção dos dados das mulheres que realizam um aborto nos Estados Unidos, depois da decisão da Suprema Corte de revogar o direito constitucional ao procedimento.
Grupos que defendem o direito ao aborto temem que as empresas de tecnologia entreguem os dados de mulheres que buscaram acesso a cuidados de saúde em estados onde o aborto é agora proibido ou muito restrito.
"Nossa política de direitos humanos indica que temos que interpretar os pedidos do governo de forma rigorosa", disse à AFP Miranda Sissons, diretora de direitos humanos da Meta.
"Quando há uma brecha entre as normas locais e internacionais, devemos tentar defender as normais internacionais, na medida do possível", acrescentou, sem detalhar o que isso significa para os cidadãos americanos.
O relatório menciona que, se uma solicitação não estiver em conformidade com a lei ou os regulamentos da Meta, a empresa "se oporá" a ela.
Entre as questões tratadas no documento, também "destaca o importante papel que a criptografia de ponta a ponta desempenha na proteção da privacidade dos indivíduos no WhatsApp - principalmente jornalistas e defensores de direitos humanos - e como estamos expandindo-a para outros aplicativos de mensagens", acrescenta o comunicado.
Há anos, a Meta tem sido questionada por ter um modelo de negócios que, segundo uma parte dos críticos, prioriza conteúdos extremistas na tentativa de atrair a atenção dos usuários.
Seus gestores tomaram várias medidas para combater a desinformação e melhorar a moderação do conteúdo.
Mas a reputação da empresa sofreu um golpe com a denúncia de Frances Haugen, ex-funcionária do Facebook. A cientista de dados vazou documentos internos e afirmou em várias ocasiões que a empresa colocava seus lucros antes da segurança do usuário.
* AFP