A embaixada russa alertou os países do ocidente nesta quarta-feira (13) contra uma "possível desestabilização" da Bósnia na qual eles seriam responsáveis, devido a suspensão de uma polêmica lei separatista da entidade sérvia pelo representante internacional no país balcânico.
Esta reação de Moscou é resultado das tensões que atravessam esta frágil região, onde a Rússia tenta aumentar a sua influência.
Desde que o Kremlin invadiu a Ucrânia no final de fevereiro, os temores de novas tensões nos Balcãs se multiplicaram.
Com o apoio de potências ocidentais, mas não reconhecido por Moscou, o alto representante da comunidade internacional na Bósnia, o alemão Christian Schmidt, ordenou na terça-feira a suspensão de uma lei sobre bens públicos adotada em fevereiro pela entidade sérvia, a Republika Srpska (RS).
Com essa legislação, que visa enfraquecer o poder central, a Republika Srpska pretendia apropriar-se dos bens do Estado em seu território, fossem prédios públicos, infraestrutura ou terrenos.
Desde o fim da guerra civil, que causou 100.000 mortes entre 1992 e 1995, a Bósnia foi dividida em duas entidades, o RS e uma federação croata-muçulmana, unidas por um frágil governo central.
A decisão do diplomata alemão foi descrita como "ilegítima" pela embaixada russa em Sarajevo, que pediu em comunicado que seja "anulada" pela junta administrativa do Conselho para a Implementação do Acordo de Paz na Bósnia (PIC) .
"Se vários membros do conselho de administração do PIC continuarem cedendo ao comportamento arbitrário de Christian Schmidt (...) toda a responsabilidade por uma possível desestabilização na Bósnia-Herzegovina recairá sobre os representantes da comunidade internacional", disse a embaixada.
A Rússia não reconhece a legitimidade do diplomata alemão, nomeado em 2021 pelo PIC, uma vez que esta nomeação não foi aprovada no Conselho de Segurança da ONU.
* AFP