Um céu quase sem chuva parecia oferecer esperança neste domingo (17) na África do Sul, onde os apelos à oração se multiplicaram após enchentes na costa leste que, segundo um novo balanço, deixaram 450 mortos e dezenas de milhares de desabrigados.
A região de Durban, cidade portuária de 3,5 milhões de habitantes, foi a mais atingida e onde se registrou a maioria das vítimas. As chuvas causaram grandes enchentes e deslizamentos de terra mortais.
— O número de mortos subiu para 443 — disse Sihle Zikalala, ministro da província de KwaZulu-Natal, onde Durban está localizada, em entrevista coletiva. Cerca de 63 pessoas ainda estão desaparecidas.
Neste domingo pela manhã, ainda chovia em algumas áreas, mas a intensidade não era comparável à dos últimos dias:
— O risco de inundação é baixo em KwaZulu-Natal, província de Durban, hoje. A chuva vai desaparecer completamente antes de quarta-feira (20) e até o final da próxima semana — disse à AFP Puseletso Mofokeng, do instituto nacional de meteorologia.
Nos últimos dias, ministros, chefes tradicionais, o rei zulu Misuzulu Zulu e o presidente Cyril Ramaphosa foram aos locais afetados para avaliar a extensão dos danos e apoiar as famílias das vítimas.
Em questão de segundos, algumas famílias perderam alguns de seus membros para as enchentes. Crianças e bebês se afogaram ou foram soterrados por deslizamentos de terra. Muitos ainda estão desaparecidos.
Menos pedidos de ajuda
Os serviços de emergência permanecem em alerta, mas recebem menos ligações:
— O número (de ligações) ligado às inundações diminuiu — disse à AFP Robert McKenzie, membro das equipes de resgate.
Os apelos à oração se multiplicaram durante os encontros religiosos deste domingo de Páscoa:
— Enviamos nossas mais profundas condolências às famílias que perderam um ente querido. Que Deus todo-poderoso enxugue suas lágrimas — disse a vice-ministra de Assuntos Sociais, Hendrietta Bogopane-Zulu, que visitou a área.
Cerca de 340 representantes de serviços sociais foram mobilizados nas áreas afetadas para oferecer ajuda psicológica às vítimas. As autoridades continuam distribuindo alimentos, uniformes escolares e cobertores.
Mais de 250 escolas foram danificadas e mais de 4 mil casas desapareceram. Além disso, 13,5 mil residências foram danificadas. Os mais atingidos foram os moradores mais pobres dos municípios. Casas feitas de chapas de metal ou tábuas de madeira não resistiram, além de terem sido construídas em terrenos propensos a inundações.
Em algumas partes da província, a água e a eletricidade estão cortadas desde segunda-feira (11). Alguns moradores desesperados carregam baldes d'água em carrinhos na estrada. Falta comida, e o que sobrou, apodreceu.
As doações são coletadas em todo o país, inclusive em quartéis de bombeiros, e incluem macarrão, enlatados e cobertores. O governo anunciou uma ajuda emergencial de 63 milhões de euros.
Estradas e pontes bloqueadas retardam os esforços de resgate. Embora continuem, há pouca esperança de encontrar os sobreviventes uma semana após o início da catástrofe. O trabalho dos socorristas, agora, é recuperar os corpos. Muitos hospitais foram danificados e não funcionam como deveriam.
A África do Sul geralmente escapa das tempestades que atingem países vizinhos, como Moçambique e Madagascar, todos os anos durante a temporada de ciclones, de novembro a abril.