A Finlândia decidirá "em algumas semanas" se apresentará sua candidatura para ser membro da Otan, afirmou nesta quarta-feira (13) a primeira-ministra Sanna Marin, em pleno debate no país sobre a questão após a invasão russa da Ucrânia.
"Penso que acontecerá rapidamente. Em algumas semanas, não em meses", disse Marin em uma entrevista coletiva ao lado da primeira-ministra sueca Magdalena Andersson, cujo país também debate se solicitará a adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte.
Marin fez as de declarações antes da publicação pelo governo finlandês de um relatório chave sobre a situação estratégica do país depois do ataque da Rússia contra a Ucrânia, iniciado em 24 de fevereiro, e uma semana antes do início do debate no Parlamento sobre a possível adesão à Aliança Transatlântica.
Sem expressar abertamente sua preferência, a chefe de Governo finlandesa destacou as vantagens de integrar a aliança militar, e não apenas como sócio, status atual da Finlândia.
"Não há outra forma de ter garantias de segurança que no âmbito da defesa conjunta e da dissuasão, como garante o artigo 5 da Otan", afirmou a política social-democrata, cujo partido era historicamente contrário à adesão.
Paradoxalmente, uma guerra iniciada por Moscou alegando como motivo a ampliação da aliança militar ocidental até sua fronteira é o que pode levar a sua vizinha Finlândia a entrar para a Otan, para obter o beneficio da proteção do famoso artigo.
Antes da invasão da Ucrânia, a possibilidade de a Finlândia romper seu histórico não alinhamento militar era apenas algo retórico, sem grande apoio.
Mas em poucas semanas tudo mudou: o apoio à adesão, que durante décadas oscilou entre 20% e 30%, atingiu 60%. Uma pesquisa publicada na segunda-feira mostrou 68% de apoio, contra 12% de finlandeses contrários.
- "Mudar de religião" -
No Parlamento também se formou uma ampla maioria a favor da decisão.
E o Parlamento recebe nesta quarta-feira um "livro branco" sobre a situação estratégica da Finlândia, preparado pelo Executivo desde o início de março.
Entre os legisladores que anunciaram sua postura em caso de votação, mais de 100 defendem a adesão e apenas 12 declararam que são contrários, de um total de 200, segundo a imprensa finlandesa.
Uma reunião de cúpula da Otan está prevista para os dias 29 e 30 de junho em Madri.
"Na Finlândia, o processo acontece de maneira muito determinada. Acredito que terão uma decisão para a reunião da Otan em junho", disse Robert Dalsjö, diretor da Agência Sueca de Pesquisas em Defesa (FOI).
"A Suécia seguirá o calendário? É possível, mas não é certo", afirmou.
"Para os social-democratas suecos, mudar de opinião (sobre a Otan) é como mudar de religião", declarou o ex-primeiro-ministro finlandês Alex Stubb. "Não falo de passar de protestante a católico, falo de passar de cristão a muçulmano".
O secretário-geral da Otan, o norueguês Jens Stoltenberg, reafirmou diversas vezes nas últimas semanas que a porta está aberta para os dois países nórdicos, cada vez mais próximos da aliança desde o fim da Guerra Fria.
Os outros países nórdicos e bálticos já são membros da Otan: Noruega, Dinamarca e Islândia desde a fundação em 1949, a Polônia desde 1999 e Estônia, Lituânia e Letônia desde 2004.
Em caso de adesão da Finlândia, as fronteiras terrestres entre países da Otan e a Rússia dobrarão, com 1.300 quilômetros a mais.
* AFP