A União Europeia (UE) aprovou nesta segunda-feira (14) novas sanções contra a Rússia pela invasão à Ucrânia, que, segundo diplomatas, incluem o magnata Roman Abramovich na lista de cidadãos russos afetados pelas restrições.
A presidência rotativa do Conselho Europeu tuitou que os representantes dos países do bloco chegaram a um acordo em Bruxelas de um quarto pacote de sanções a pessoas e empresas "envolvidas no ataque à Ucrânia".
As medidas "entrarão em vigor quando forem publicadas no Diário Oficial da União Europeia", ressaltou a presidência francesa do Conselho da UE, o que deve ocorrer amanhã.
Três diplomatas em Bruxelas disseram à AFP que Abramovich, dono do clube de futebol inglês Chelsea, foi adicionado à lista. Os bens do magnata russo fora do território da UE - incluindo iates e mansões de luxo - podem ser confiscados.
O Reino Unido e o Canadá já incluíram Abramovich em suas próprias listas de cidadãos russos sancionados. O anúncio do Reino Unido de sancionar Abramovich impediu inclusive uma tentativa do magnata de vender o clube de futebol.
Segundo um dos diplomatas consultados pela AFP, a razão declarada para sancionar Abramovich é que ele é um "oligarca russo que tem laços estreitos e de longa data com [o presidente] Vladimir Putin", a quem tem "acesso privilegiado".
Além disso, considera-se que ele fornece "uma fonte substancial de receita" ao governo russo.
- Não existem 'intocáveis' -
No fim de semana, o iate Solaris, de 140 metros de comprimento, de propriedade de Abramovich, foi visto chegando a um porto de Montenegro, país que não faz parte da UE, mas tem ambições de ingressar no bloco. A embarcação havia saído de Barcelona dias antes.
Abramovich, de 55 anos, tem uma fortuna estimada em 12,4 bilhões de dólares (cerca de 11,3 bilhões de euros), segundo a revista Forbes, e há rumores de que possui meia dúzia de iates. O magnata russo também adotou nacionalidades portuguesa e israelense.
O comissário europeu do Comércio, Valdis Dombrovskis, disse nesta segunda-feira que "não há ninguém intocável, como você verá, esta lista de oligarcas está em contínua expansão, não apenas com magnatas, mas também com oficiais russos e militares de alto nível".
Dombrovskis acrescentou que pessoas consideradas "ativas na máquina de propaganda da Rússia" também estavam na lista.
A economia da Rússia deverá encolher acentuadamente devido a sucessivas rodadas de sanções impostas pela UE, Estados Unidos e vários aliados, visando o Banco Central da Rússia.
Em 24 de fevereiro, Putin ordenou que as tropas russas iniciassem operações em território ucraniano, desencadeando sanções ocidentais sem precedentes contra a Rússia e provocando um êxodo de empresas estrangeiras do país.
A resposta coordenada dos Estados Unidos e da UE fez da Rússia o país mais sancionado do mundo, fazendo com que o rublo caísse livremente e acelerando a inflação, além de aumentar os temores de calote da dívida.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, condenou, nesta segunda-feira a invasão "bárbara" da Ucrânia e confirmou um quarto pacote de sanções contra o Kremlin.
Borrell disse que Moscou atira não somente contra os militares ucranianos, mas também contra os civis. Lembrou ainda que, na cidade estratégica de Mariupol, no sul da Ucrânia, "mais de 2.400 civis foram mortos" desde o início da invasão.
"A guerra de Putin não diz respeito apenas à Ucrânia, mas também à segurança e à estabilidade do nosso continente europeu. Afeta todos nós", disse Borrell, em uma coletiva de imprensa em Skopje, na República da Macedônia do Norte.
Mais de 2,6 milhões de ucranianos fugiram dos combates, "o maior movimento desde a Segunda Guerra Mundial", acrescentou.
Borrell também confirmou um quarto pacote de sanções contra o comércio russo, o acesso ao mercado, o pertencimento às instituições financeiras internacionais e a exportação de artigos de luxo, mirando especificamente nos setores siderúrgico, do carvão e da energia.
"Isto será outro grande golpe para a base econômica e logística, sobre a qual o Kremlin está construindo a invasão e tirando os recursos para financiá-la", afirmou o chefe da diplomacia europeia.
O líder diplomático da UE qualificou os Bálcãs Ocidentais como "prioridade estratégica" para o bloco europeu.
"Este é, espero, o momento de despertar para a Europa", completou, após se reunir com o primeiro-ministro da Macedônia do Norte, Dimitar Kovacevski.
"É o momento de dar um novo impulso ao processo de ampliação e de fixar firmemente os Bálcãs Ocidentais na União Europeia", insistiu.
* AFP