Um informe da Unesco, publicado nesta segunda-feira (21) em virtude do Fórum Mundial da Água, destaca o potencial das águas subterrâneas para gerar benefícios sociais, econômicos e meio-ambientais, caso sejam geridas de forma sustentável.
O 9º Fórum Mundial da Água começa, nesta segunda, em Dacar, Senegal, com o tema "A segurança da água para a paz e o desenvolvimento".
Segundo o informe do organismo das Nações Unidas, um documento de 272 páginas intitulado "Águas subterrâneas: fazer visível o invisível", as águas subterrâneas representam quase 99% das reservas de água doce do planeta.
Porém, "os benefícios diretos e indiretos que proporcionam passam frequentemente despercebidos ou são ignorados, deixando muitos aquíferos sem a proteção adequada", lamenta a Unesco.
Com resultado, as reservas de água subterrânea no mundo estão, frequentemente, mal geridas, sub-valorizadas e em risco de contaminação.
"Um número crescente de recursos hídricos está sendo poluído, superexplorados e ressecados pelos seres humanos, às vezes com consequências irreversíveis. É essencial utilizar de forma mais inteligente o potencial desses recursos, ainda pouco explorados", estimou Audrey Azoulay, a diretora-geral da Unesco em um comunicado.
Segundo um diplomata do organismo contatado pela AFP, a Unesco tenta "apelar por uma mobilização para que os Estados estabeleçam uma coordenação a escala mundial".
A Unesco destaca também que é previsto que o consumo de água aumente em media um 1% a cada ano nos próximos 30 anos.
Neste contexto, as águas subterrâneas poderiam oferecer, por exemplo, "soluções para atenuar as mudanças climáticas", segundo o informe que precisa que os aquíferos "possuem uma capacidade de absorção única, capaz de limitar o impacto das variações climáticas".
O documento recomenda, especialmente, a irrigação via sistemas de bombeamento de água subterrânea com energia solar.
Além disso, pede uma melhor "governança" para gerenciar os recursos hídricos subterrâneos, com "conhecimento básico, capacidade institucional, leis, regulamentos e suas ferramentas de aplicação, políticas e planejamento, partes interessadas, bem como financiamento adequado".
Para o acesso aos recursos de águas subterrâneas, alerta o informe, se enfrenta um problema de especialização, em particular, nos países da África sub-saariana, que requerem acompanhamento externo.
O documento estimula os governos a "criar e enriquecer uma base de conhecimentos dedicada às águas subterrâneas", com o objetivo de compartilhar informação.
Também chama as indústrias petrolíferas e mineradoras a compartilhar sus "dados, informações e conhecimentos" em benefício dos atores da gestão de águas subterrâneas.
* AFP