O governo ucraniano enviou nesta quinta-feira (31) 45 ônibus para retirar civis da cidade cercada de Mariupol, sudeste do país, depois que a Rússia anunciou uma trégua, informou a vice-primeira-ministra Irina Vereshchuk.
— Fomos informados pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha que a Rússia está disposta a abrir o acesso aos comboios humanitários de Mariupol até Zaporizhia — disse Vereshchuk em um vídeo divulgado pelo Telegram. — Enviamos 45 ônibus para o corredor Mariupol — acrescentou.
Dezessete ônibus já seguiram para Mariupol a partir de Zaporizhia, que fica a uma distância de 220 quilômetros, informou Vereshchuk. Os demais 28 aguardam permissão para passar por um posto de controle russo na cidade de Vasylivka.
— Vamos fazer todo o possível para que os ônibus entrem em Mariupol e retirem os que permanecem na cidade — disse Verechtchuk.
Até o momento, os civis só conseguem sair de Mariupol com os próprios veículos, uma viagem de alto risco porque os acordos para a saída de moradores não foram respeitados.
Mariupol, um porto estratégico no Mar de Azov, está cercada e sob intensos bombardeios das forças russas desde o fim de fevereiro.
As pessoas que conseguiram sair da cidade e as ONGs descreveram condições terríveis, com civis entrincheirados em porões sem água, alimentos ou comunicação, e com corpos espalhados pelas ruas que ninguém enterra por causa dos ataques.
O ministério da Defesa russo anunciou um "regime de silêncio", ou seja, um cessar-fogo local, a partir das 10h desta quinta-feira (4h de Brasília) em Mariupol para permitir a retirada de civis.
No campo diplomático, o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlüt Cavusoglu, afirmou que o chefe da diplomacia da Rússia, Serguei Lavrov, e o chanceler da Ucrânia, Dmitro Kuleba, podem se reunir dentro de "uma ou duas semanas".
— Pode acontecer uma reunião de alto nível, ao menos entre os ministros, dentro de uma ou duas semanas — declarou Cavusoglu.
Ele explicou que "é impossível antecipar uma data", mas que a Turquia está disposta a receber a reunião "como mediador sincero".
— O mais importante é que as partes se reúnam e concordem com um cessar-fogo duradouro (...) É impossível negociar sob a pressão das armas — disse.
Ao comentar a tentativa de retirada de civis de Mariupol, uma operação na qual a Turquia estabeleceu uma associação com a França e a Grécia, o ministro disse que seu governo propôs a abertura de "dois corredores humanitários, para a Rússia e a Ucrânia".
— Ninguém deve pressionar os civis a escolher um corredor ou outro. Todos devem poder ir para onde desejam — disse.