Onze anos depois do devastador tsunami no noroeste do Japão, milhares de trabalhadores seguem presentes na usina nuclear de Fukushima Daiichi para um complexo e longo processo de desmantelamento do local.
Três dois seis reatores de Fukushima estavam em operação no momento do tsunami em 11 de março de 2011. Os três entraram em fusão quando os sistemas de refrigeração falharam assim que as ondas inundaram os geradores de apoio.
Não havia combustível nos outros três reatores. Porém, as explosões de hidrogênio nas unidades 1,3 e 4 causaram amplos danos.
A potência das explosões deixou rastros na parte superior da unidade 1, com a estrutura de metal retorcida, e, na unidade 3, com as antigas paredes danificadas e descoloridas sob um novo revestimento.
Os guindastes se elevam por cima de várias unidades enquanto operários com trajes de proteção e equipados com dosímetros, respiradores e capacetes conduzem o maquinário.
No restante do recinto, os edifícios administrativos abandonados estão vazios e faixas verdes mostram onde os trabalhadores podem caminhar sem equipamento de proteção.
Cilindros de combustível
Os cilindros de combustível foram retirados de duas unidades e o processo está em curso nas unidades 5 e 6, que não sofreram danos pelo acidente.
Na unidade 1, porém, devem-se limpar importantes quantidades de escombros radioativos antes de poder retirar os tonéis. Para evitar espalhar poeira radioativa, os trabalhadores estão instalando um novo teto e esperam começar a limpar os escombros em 2027.
Na unidade 2, os níveis de radiação são tão elevados que o operador da central, Tepco, planeja tirar os barris enviando robôs em duas plataformas, das quais somente uma está construída.
A retirada dos cilindros dali é esperada a partir da primavera de 2024.
Resíduos de combustível
Nas unidades 1 e 3, o combustível e outros materiais que se fundiram e se solidificaram como "resíduos de combustíveis" altamente radioativos.
Tepco passou anos analisando a localidade e a magnitude do problema, disse o comunicador de risco da planta, Keisuke Matsuo.
— Começamos investigando o interior do reator 1 em fevereiro, esperando entender a condição dos resíduos e dos sedimentos. Planejamos que o reator 2 será o primeiro dos quais tiraremos os resíduos de combustível e prevemos começar este ano.
Um braço robótico para realizar a operação foi entregue em julho, com atraso pela pandemia, e está em fase de testes.
Água contaminada
A instalação produz 140 metros cúbicos de água contamina a cada dia (uma combinação de água subterrânea, marinha e de chuva que se infiltra nessa zona e a água usada para refrigerar). Tepco pavimentou algumas áreas, instalou bombas de água e construiu uma parede de gelo para manter a água do lado de fora, porém o problema persiste.
A água se infiltra para remover vários radioisótopos e conduzi-los a depósitos. Já foram armazenadas 1,29 toneladas e a previsão é que fique sem espaço este ano. As cisternas brancas, cinzas e azuis ocupam uma grande parte do recinto, com um punhado de pinheiros e cerejeiras que sobreviveram à catástrofe.
Tepco assegura que a água tratada se ajusta aos padrões nacionais de níveis de radioisótopos, exceto para o trítio. Seu plano é diluir água para reduzir os níveis de trítio e expulsa-la mar a dentro durante várias décadas através de uma rede de canos submarinos.
O plano conta com o respaldo do regulador nuclear da ONU, porém causa controvérsia entre as comunidades locais e os países vizinhos.
— Cremos que esta água tratada é segura — disse Matsuo.
Custo
Cerca de 4 mil pessoas trabalham diariamente na fábrica, gerando importantes quantidades de resíduos de material de proteção.
O desmantelamento deve durar 30 ou 40 anos e custará cerca de 8 bilhões de yenes (US$ 69 milhões) que Tepco assegura que cobrirá. Porém estes números não incluem o custo de tratar e despejar a água contaminada.